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Carta de John Landseer

Na primeira metade do século XIX, era comum que os esboços e desenhos realizados por artistas viajantes europeus servissem de base para futuras pinturas a óleo. No entanto, de volta a Londres, em outubro de 1826, Charles Landseer viu-se obrigado a entregar a sir Charles Stuart o caderno de desenhos contendo todo o trabalho que fizera durante a missão de 18 meses, a despeito do veemente protesto de seu pai, o gravador John Landseer. Por isso, Charles Landseer teve oportunidade de concluir e expor em Londres, em 1827 e 1828, apenas cinco pinturas a óleo baseadas nos desenhos e aquarelas feitos em Portugal e no Brasil.

 

Trecho da carta de John Landseer a sir Charles Stuart, de 18 de outubro de 1826

Vossa Excelência,

Quando consenti que o meu filho Charles o acompanhasse ao Brasil (…), ele teria permissão para dedicar parte de seu tempo a estudos de cor e forma, na medida do possível, para seu próprio uso futuro. Na época, isso foi expressamente mencionado por mim (...). Soube, portanto (...), com surpresa e decepção, que o senhor manifestou o desejo de possuir tudo o que ele produziu, até mesmo aqueles lembretes que na verdade não passam de anotações de artista. Esses e inúmeros trabalhos inacabados (reunidos com um grau de talento e diligência que são motivo de grande prazer para mim) seriam extremamente valiosos para ele como artista, ademais, no atual estado, dificilmente constituem ornamentos adequados à coleção de um nobre. (...) Nosso principal objetivo não era apenas proporcionar uma mera ocupação para o meu filho (...), mas as oportunidades, como membro de sua comitiva, de poder reunir tais materiais da natureza que pudessem ser proveitosos à sua futura atividade profissional.

Original da Biblioteca Lilly, Universidade de Indiana, Estados Unidos.