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Martha e Erico Stickel


Apresentação

O botânico e antropólogo alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), que, ainda nos dias de hoje, é a maior referência de estudo da flora no Brasil, está presente na Coleção Stickel com um conjunto de 78 desenhos em grafite sobre papel, alguns com retoque de nanquim, que serviram de base para litografias. Os três anos em que viveu no Brasil, de 1817 a 1820, pesquisando principalmente na Amazônia, registrando sua flora e as cidades por onde passava, marcaram por muito tempo a produção de Von Martius. A equipe do IMS tem a intenção de aprofundar o trabalho de pesquisa nas obras de litografia do artista sobre o Brasil, do período de 1840 a 1906, para estabelecer quais desenhos são de sua autoria e quais teriam sido criados por colaboradores, uma prática corrente na época.

Na mesma comitiva que trouxe ao Brasil a grã-duquesa Leopoldina, e em que viajou Von Martius, também veio o pintor amador austríaco Franz Joseph Frühbeck (1795-depois de 1830), que registrou a viagem, a cerimônia de chegada ao Rio de Janeiro, a paisagem exuberante da cidade e o modo de vida de seus habitantes. Trinta desses desenhos e aquarelas, reunidos em um pequeno e precioso volume encadernado, de 11 x 15 cm, são também destaque do acervo. Chamam atenção, especialmente, as imagens de interiores.

Outra raridade da coleção Martha e Erico Stickel é o álbum de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), pelo pouco que se conhece de suas aquarelas do Brasil. Aluno de Jean-Baptiste Debret na Academia Imperial de Belas-Artes do Rio de Janeiro, o pintor, jornalista, escritor, político e diplomata brasileiro – entre muitas das atividades que exerceu – viajou com seu mestre e amigo francês para a Europa, em 1831, onde foi aprimorar os estudos. Um conjunto que reúne aquarelas e aguadas de paisagens e outros motivos, como anjos ou estudos para pinturas históricas, forma o álbum, em tamanho A4, que inclui ainda esboços em grafite, poemas e cartas, entre elas uma escrita pelo pintor parisiense barão Antoine-Jean Gros.

Dois outros artistas com uma presença considerável de obras na coleção Stickel são o pintor italiano Edoardo de Martino (1838-1912), que viveu sete anos no Brasil, sendo designado por d. Pedro II pintor oficial na Guerra do Paraguai, e a pintora inglesa Marguerite Tollemache. Ele, com 72 estudos e desenhos de batalhas e embarcações, quase todos em grafite. São registros bastante raros, como o da Batalha de Itororó, de 1869, em preto e branco. Ela, com 40 desenhos em grafite e nanquim, de tamanhos variados, que ainda estão sendo estudados pelo IMS.

O advogado de prestígio Erico João Siriuba Stickel (1920-2004), filho de imigrantes alemães, foi, junto com sua mulher, Martha, um dedicado colecionador de arte brasileira. O casal tinha um olhar firmemente voltado para o panorama. Exemplo disso são as duas aquarelas do Rio de Janeiro assinadas por Henry Chamberlain, as seis gravuras de Alfred Martinet, as duas gravuras de Frederic Haguedorn que retratam a enseada de Botafogo e a entrada da Baía de Guanabara com o Pão de Açúcar, e o panorama tomado do Morro do Castelo de Felix Émile-Taunay, imagem exibida em Paris, em 1824, na rotunda do bulevar des Capucines. A presença de tantos panoramas na coleção motivou a realização da exposição Panoramas: a paisagem brasileira no acervo do Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, em 2011, e em São Paulo, em 2012. A partir de um recorte temático, o popular espetáculo dos panoramas, o público pôde apreciar quase 300 obras – entre fotografias, aquarelas, desenhos e gravuras – que retratam o Brasil de 1820 a 1920 e que contribuíram para a formação da imagem do país e sua divulgação no exterior. A exposição foi acompanhada de um livro que, além das imagens, reúne textos que problematizam e aprofundam a discussão em torno dos temas abordados.

O conjunto apresenta obras já familiares aos estudiosos e ao público em geral de artistas viajantes indispensáveis para o estudo da iconografia brasileira, como Johann Moritz Rugendas, o já citado Chamberlain, Frederico Guilherme Briggs, Eugéne Cicéri, Iluchar Desmons, Luiz Schlappriz, Jan Frederik Schütz, Karl Wilhelm von Theremin, Carlos Linde e muitos outros.

Há ainda uma quantidade considerável de trabalhos de autores não identificados ou mesmo desconhecidos, em fase de pesquisa. É o caso da vista em prospecto da Bahia de Todos os Santos, uma raridade datada de 1810. Como este, há registros de Recife, Salvador, Porto Seguro, Ouro Preto, Goiás, Sorocaba, Florianópolis e um grande grupo de imagens do Rio de Janeiro. São obras importantes para o estudo da iconografia do Brasil do século XIX.


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