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Harun Farocki: quem é responsável?


Texto das curadoras

Antje Ehmann e Heloisa Espada

O mundo do trabalho e suas consequências na organização das sociedades esteve no centro das preocupações do artista alemão Harun Farocki (1944-2014) por quase 50 anos. Nas videoinstalações aqui reunidas – duas delas realizadas em parceria com Antje Ehmann –, o tema é escrutinado a partir de diferentes pontos de vista e contextos. Farocki recorre ao cinema documental, ao mesmo tempo que reflete sobre a representação do trabalho no cinema e na pintura. Ao mostrar atividades formais e informais, remuneradas ou não, as obras revelam um extremo respeito por todos os meios de sobrevivência, ao mesmo tempo que denunciam a dimensão absurda dos gestos mecanizados e da exploração do trabalho em diferentes lugares do mundo.

A trajetória de Harun Farocki é exemplar do processo que levou diversos cineastas a migrar para as salas de exposição a partir da segunda metade do século XX. Ele iniciou no campo do cinema ativista, no fim dos anos 1960, e expandiu sua produção para o universo das videoinstalações a partir da década de 1990. Híbrido de ensaio e documentário, seu trabalho encontra seu contexto no cinema de Jean-Luc Godard, de Jean-Marie Straub e de Danièle Huillet, bem como nos escritos de Bertolt Brecht.

Farocki se autodefinia como um antifascista incurável. A pergunta sobre o lugar de cada indivíduo na cadeia de produção global – levando-se em conta suas consequências mais violentas – e a investigação obsessiva sobre o papel das formas de representação nos sistemas de poder tornam sua obra espantosamente atual.

A exposição inclui a exibição de três filmes de Harun Farocki no cinema do IMS Paulista – Sauerbruch Hutton Arquitetos (2013), Natureza-morta (1997) e A saída dos operários da fábrica (1995). Confira a programação no site ims.com.br/cinema/.


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