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IMS incorpora álbum de Rugendas a seu acervo

28 de dezembro DE 2020 |

 

Vista do Rio de Janeiro tomada do aqueduto, c. 1835. Litografia sobre papel de Johann Moritz Rugendas, parte do álbum Viagem pitoresca através do Brasil. Acervo IMS

 

Guardião de um rico conjunto iconográfico, com 1.800 obras da iconografia brasileira do século XIX, o IMS acaba de incorporar a seu acervo uma edição completa do álbum Viagem pitoresca através do Brasil, do pintor, desenhista e gravador alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858). O álbum é uma das mais importantes publicações a respeito do país lançadas na Europa na primeira metade do século XIX, e suas pranchas, recorrentes em livros didáticos, ajudaram a compor ao longo dos anos um imaginário do Brasil e dos brasileiros.

"O álbum do Rugendas foi um sucesso editorial na sua época, teve muitas edições. Suas imagens são fundamentais para entender e questionar o período em que foram produzidas e, por conta disso, são constantemente utilizadas por pesquisadores e artistas em seus trabalhos", observa a coordenadora de Iconografia do IMS, Julia Kovensky. 

O IMS possui cerca de 20 pranchas – como a obra foi lançada originalmente em fascículos, é comum que elas sejam comercializadas individualmente. O novo item, que reúne 100 pranchas de Rugendas e suas impressões sobre a viagem ao Brasil, passará por um restauro, será catalogado e, então, disponibilizado a pesquisadores e ao público. 

Capa do álbum Viagem pitoresca através do Brasil, de Johann Moritz Rugendas. A obra, de quase 200 anos, passará por restauro. Acervo IMS

 

"É uma obra incontornável, assim como a de Debret", diz Julia. "São dois autores de dois álbuns que têm o mesmo título, e que fazem parte do imaginário das pessoas. Suas obras aparecem nos livros didáticos, as pessoas se relacionam com elas desde pequenas." 

Julia destaca que os desenhos de Rugendas têm sido muito solicitados, por força de um debate recente que vem se avolumando nas duas últimas décadas. "Tenho visto muitos trabalhos de artistas que têm se voltado para um questionamento desses temas decoloniais. São obras em domínio público que podem circular à vontade", diz ela. 

Nascido numa família de artistas – o pai, Johann Lorenz Rugendas II,  era diretor e professor da escola de desenho de Augsburg, na Baviera – Rugendas chegou ao Brasil em 1822, como desenhista documentarista da Expedição Langsdorff, organizada pelo naturalista e diplomata Georg Heinrich von Langsdorff, cônsul da Rússia no Rio de Janeiro. Abandonou a expedição em 1824, mas continuou sozinho o registro de tipos, costumes, paisagens, fauna e flora brasileiros, produzindo desenhos e aquarelas que, de volta à Europa, mandaria imprimir em Paris, em 1835. 

O acervo de Iconografia do IMS começou a tomar forma em 2008, quando o instituto adquiriu a Brasiliana do casal de colecionadores paulistas Martha e Erico Stickel, com cerca de 1.500 itens. Além das já citadas pranchas de Rugendas, há  obras de Debret, Charles Landseer, Von Martius e muitos outros. As obras sobre o Brasil nos séculos XIX, e, com menor presença, dos séculos XVIII e XVII, representam uma das duas linhas de trabalho. A outra é de cultura gráfica e imprensa ilustrada do século XX. Desta, fazem parte os acervos de J. Carlos, Millôr Fernandes e, desde novembro de 2020, do cartunista Claudius Ceccon.