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Em 1964: arte e cultura no ano do golpe


Linha do tempo

Dezembro de 1963

Inflação de 1963

O ano de 1963 fechou com inflação de 74,5%, de acordo com o Índice Geral de Preços (IGP). A população era de pouco mais de 78 milhões de habitantes mal espalhados em 22 estados e três territórios (Amapá, Roraima e Rondônia). Brasília havia sido inaugurada há quatro anos, mas o Rio de Janeiro, então Estado da Guanabara, continuava a ser a capital política de fato. A moeda era o Cruzeiro.

IBGE. Anuário Estatístico do Brasil – 1964.

Mensagem de Jango em A Voz do Brasil (31/12/63)

“‘A qualquer preço e contra quaisquer obstáculos, a nação será atendida em seus inadiáveis reclamos de desenvolvimento e de justiça social’, afirmou o presidente João Goulart em sua mensagem ao povo brasileiro, transmitida esta noite pela Voz do Brasil. Anunciando 1964 como o ‘ano das reformas’, o chefe do governo fez ampla análise da conjuntura brasileira interna e externa, concluindo pela afirmação de que ‘já ultrapassamos os limites do suportável’. O presidente declara-se ainda consciente de que sem as reformas não haverá solução pacífica e eficiente para a crise nacional. Adverte porém os agitadores comprometidos com a reação ou radicalização que não permitirá que as dificuldades nacionais sejam exploradas para as suas impatrióticas manobras”.

Correio da Manhã, 1° de janeiro de 1964.

Réveillon no Copacabana Palace (31/12/63)

“Cerca de duas mil pessoas lotaram os seis salões do Copacabana Palace no baile do réveillon que terminou quase de manhã e que muitos consideram ter sido mais animado que os anteriores. (…) A animação maior era no Golden Room, onde muita gente importante se divertia. Num canto, um toque de romance: Norma Bengell ensinando as marchinhas de carnaval ao seu noivo, Gabriele Tinti”.

__. Réveillon no Copa: calor e amor. Rio de Janeiro, p.1, O Globo, 2 de janeiro de 1964

Janeiro de 1964

Revista Senhor (janeiro de 1964)

Circulou a última edição da revista Senhor (nº 59), após cinco anos do lançamento em janeiro de 1959. Criada pelo jornalista Nahum Sirotsky, “(…) nada podia parecer tão moderno e ‘de vanguarda’ quanto Senhor. Em pouco tempo, ela faria parte de uma nova estética que incluía Brasília, o concretismo, a bossa nova, a revolução gráfica do Jornal do Brasil, os anúncios da Volkswagen e do Banco Nacional, as capas dos discos da gravadora Elenco, os móveis de linhas retas – uma estética de formas claras, enxutas, essenciais.”

Colaboravam Paulo Francis, Odilo Costa, Otto Lara Resende, Carlos Scliar, Clarice Lispector, Diogo Pacheco, Paulo Mendes Campos, Vinícius de Moraes e Ferreira Gullar. Bea Feitler foi responsável por algumas das mais belas capas da revista.

CASTRO, Ruy. Uma senhora revista. Rio de Janeiro, Folha de São Paulo, 20 de maio de 2012.
FEITLER, Bruno. O design de Bia Feitler. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

Brigitte Bardot visita o Rio de Janeiro pela primeira vez (7/1/64)

Brigitte Bardot desembarcou no Rio de Janeiro para uma temporada de alguns meses ao lado do namorado brasileiro Bob Zagury. Tentou fugir dos paparazzi, mas acabou desistindo e marcando uma coletiva de imprensa, três dias após da sua chegada, no hotel Copacabana Palace. BB retornou à Paris no final de março, voltando ao Brasil para mais uma temporada no fim do ano em Búzios, até então o 3º distrito de Cabo Frio.

Foto: Acervo/CPDoc JB

Desquite (9/1/64)

Em 1964 não havia divórcio no Brasil. A lei que regulamenta a dissolução do casamento (nº 6.515/77) só entrou em vigor em 1977. Os casais podiam se desquitar, o que não significava o rompimento dos laços matrimoniais. Uma mulher ou homem desquitados não poderiam casar novamente no civil.

Na coluna A semana na justiça do jornal O Correio da Manhã, uma pequena nota intitulada Dura lex sed lex dizia: “A juíza Áurea Pimentel Pereira, dando aplicação ao que manda a lei que proferiu despacho em ação ordinária de desquite com um número limitado de palavras. O cônjuge mulher foi considerado culpado. Declarou a juíza: ‘Decreto o desquite do casal…considerando a ré como cônjuge culpado para todos os fins de direito, perdendo esta o direito de usar o nome do marido e de reclamar alimentos. Pague a Suplicada as custas do processo e os honorários do advogado do autor…”

__Semana na justiça. Rio de Janeiro, 2º caderno, p.6, Correio da Manhã, 9 de janeiro de 1964.

Janeiro de 1964

Revista Senhor (janeiro de 1964)

Circulou a última edição da revista Senhor (nº 59), após cinco anos do lançamento em janeiro de 1959. Criada pelo jornalista Nahum Sirotsky, “(…) nada podia parecer tão moderno e ‘de vanguarda’ quanto Senhor. Em pouco tempo, ela faria parte de uma nova estética que incluía Brasília, o concretismo, a bossa nova, a revolução gráfica do Jornal do Brasil, os anúncios da Volkswagen e do Banco Nacional, as capas dos discos da gravadora Elenco, os móveis de linhas retas – uma estética de formas claras, enxutas, essenciais.”

Colaboravam Paulo Francis, Odilo Costa, Otto Lara Resende, Carlos Scliar, Clarice Lispector, Diogo Pacheco, Paulo Mendes Campos, Vinícius de Moraes e Ferreira Gullar. Bea Feitler foi responsável por algumas das mais belas capas da revista.

CASTRO, Ruy. Uma senhora revista. Rio de Janeiro, Folha de São Paulo, 20 de maio de 2012.
FEITLER, Bruno. O design de Bia Feitler. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

Brigitte Bardot visita o Rio de Janeiro pela primeira vez (7/1/64)

Brigitte Bardot desembarcou no Rio de Janeiro para uma temporada de alguns meses ao lado do namorado brasileiro Bob Zagury. Tentou fugir dos paparazzi, mas acabou desistindo e marcando uma coletiva de imprensa, três dias após da sua chegada, no hotel Copacabana Palace. BB retornou à Paris no final de março, voltando ao Brasil para mais uma temporada no fim do ano em Búzios, até então o 3º distrito de Cabo Frio.

Foto: Acervo/CPDoc JB

Desquite (9/1/64)

Em 1964 não havia divórcio no Brasil. A lei que regulamenta a dissolução do casamento (nº 6.515/77) só entrou em vigor em 1977. Os casais podiam se desquitar, o que não significava o rompimento dos laços matrimoniais. Uma mulher ou homem desquitados não poderiam casar novamente no civil.

Na coluna A semana na justiça do jornal O Correio da Manhã, uma pequena nota intitulada Dura lex sed lex dizia: “A juíza Áurea Pimentel Pereira, dando aplicação ao que manda a lei que proferiu despacho em ação ordinária de desquite com um número limitado de palavras. O cônjuge mulher foi considerado culpado. Declarou a juíza: ‘Decreto o desquite do casal…considerando a ré como cônjuge culpado para todos os fins de direito, perdendo esta o direito de usar o nome do marido e de reclamar alimentos. Pague a Suplicada as custas do processo e os honorários do advogado do autor…”

__Semana na justiça. Rio de Janeiro, 2º caderno, p.6, Correio da Manhã, 9 de janeiro de 1964.