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Pequenas Áfricas

Audiodescrição

Estação 15

Trem do Samba

 

 
Todo ano, por volta do dia 2 de dezembro, consagrado como Dia Nacional do Samba, a Central do Brasil recebe um público diferente. Da sempre lotada estação de trens, um dos meios de transporte mais populares do Rio de Janeiro, exatamente às 18:05, começam a sair vagões cheios de sambistas com destino à estação de Oswaldo Cruz. Esse era o percurso que, na década de 1930, o sambista Paulo da Portela, lustrador de profissão, fazia diariamente na volta do trabalho para casa. E não ia sozinho. No vagão se reuniam outros trabalhadores, convocados por ele para cantar e tocar durante todo o trajeto, com o intuito de mostrar à sociedade que sambista não era sinônimo de malandro. Essa tradição foi recuperada a partir de 1991 pelo sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, inicialmente com o nome de Pagode no Trem e depois consolidada como Trem do Samba, e guarda forte simbologia da luta dos sambistas pela manutenção de espaços de convivência e de celebração de sua cultura.

 

Nascimento das escolas de samba

 

 
Foi pelos trilhos dos trens que o samba, nascido na Pequena África e adjacências, se espalhou pela cidade, chegando aos subúrbios, onde a população empurrada do Centro pelo projeto elitista de “civilização” foi buscar moradia. Nos novos territórios ocupados, as práticas de dança, religião, comida e convivência floresceram e se consolidaram. À primeira escola de samba, a Deixa Falar, fundada perto da Praça Onze, na região conhecida como Cidade Nova, logo muitas outras se sucederam, dela herdando os valores comunitários e de afirmação da existência cultural negra na cidade. Mais do que meros grupos carnavalescos, as escolas de samba representavam naquele momento redes de proteção, demarcação de identidade e busca pela conquista da cidadania. Ainda que esse quadro tenha sido alterado em 100 anos, com a adesão maciça de componentes atraídos pela popularização dos desfiles de carnaval, transformados em espetáculo, as escolas de samba permanecem como importantes núcleos de sociabilidade negra e resistência cultural.

 

Reprodução tátil
Cláudio Camunguelo, Rio de Janeiro, RJ, dez. 2000. Foto de Januário Garcia. Arquivo Januário Garcia. Acervo IMS

 

Legenda

 

Audiodescrição

 


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