A viagem dos comediantes
A viagem dos comediantes: uma trupe de teatro numa turnê pela província e pela história da Grécia entre 1939 e 1952. Para o diretor, “a peça representada de aldeia em aldeia funciona em diversos níveis”: Golfo, a pastora é o ganha-pão da trupe, é uma concepção da arte teatral, e também um texto constantemente interrompido pela intervenção da cena histórica. Por exemplo, uma frase como: “E se nos vissem?” deixa de pertencer propriamente ao texto da peça Golfo, a pastora para se transformar numa interrogação dos personagens do filme.
“Usei o ano de 1952 como trampolim. A partir dali, proponho recuos no tempo, mas nada parecido com os tradicionais flash-backs”, esclarece Angelopoulos. “Não é uma memória individual que está em jogo, e sim uma memória coletiva. Começamos em 1952, na campanha eleitoral do marechal Papagos, mas o último plano do filme se passa em 1939 (…) Vemos todos os personagens da trupe, que conheceram destinos diferentes, seja porque estão mortos, executados ou não, seja porque envelheceram, seja porque mofaram na prisão. E todos juntos avançam para a câmera e param, ouvindo-se o comentário do narrador: “No outono de 1939, chegamos a Egion. Estávamos cansados. Fazia dois dias que não dormíamos.” Todos esses personagens chegam com certa esperança, estão abertos a tudo, mas sabemos o que aconteceu em seguida e o que foi feito deles. É como uma grande fotografia de família, na qual o futuro já está inscrito e à qual vem se opor esse futuro de que fomos testemunhas. Foi isso que me forneceu a estrutura inicial, que me permitiu fazer uma escolha entre os acontecimentos históricos, coisa que uma continuidade narrativa talvez não me houvesse permitido.”
- Título Original: O Thiassos
- Ano: 1975
- Duração: 240 min. aprox.
- Idioma: Grego
- Formato de tela: 4:3
- Cor: Preto e Branco
- Legenda: Português
- Classificação indicativa: 14 anos
- País: Grécia
- Elenco: Eva Kotamanidou, Petros Zarkadis, Vangelis Kazan, Stratos Pachis, Aliki Georgouli
- Informações adicionais / Extras:
Livreto "Mito, história, teatro", com textos de Nagisa Oshima, Theo Angelopoulos e Lino Miccichè.
Sobre o diretor:
Antes de começar a estudar cinema, Theo Angelopoulos (Grécia, 1936 – 2012) cursou Direito em Atenas e Literatura, na Universidade de Sorbonne. Expulso da escola de cinema, retorna para a Grécia, onde começa a trabalhar como crítico de cinema. Em 1968, dirige seu primeiro curta-metragem, A Emissão (1968). Depois de A viagem dos comediantes (1975), seu terceiro longa, torna-se o diretor grego mais reconhecido no mundo. Dentre outros, realizou ainda Paisagem na neblina (1988), Alexandre o Grande (1980) e A Eternidade e um dia (1998), pelo qual recebeu a Palma de Ouro em Cannes.
Theo Angelopoulos
Box Contatos
Contatos: Três volumes em que um conjunto de imagens (folhas de contato, dispositivos e cópias finais) é comentado por seus autores para uma análise do processo criativo da fotografia. Nesta série baseada em uma ideia de William Klein, 32 fotógrafos discutem seus métodos de trabalho como quem organiza um livro de memórias ou retorna ao acontecimento fotografado com a ajuda de um caderno de notas visuais.
1- A Grande Tradição do Fotojornalismo: Henri Cartler-Bresson / William Klein / Raymond Depeardon / Josef Koudelka / Robert Doisneau / Edouard Boubat / Elliot Erwitt / Marc Riboud / Leonard Freed / Mario Gioacomelli / Helmut Newton / Don McCullin
2- A Renovação da Fotografia Conteporânea: Sophie Calle / Nan Goldin / Duane Michals / Sarah Moon / Nobuyashi Arald / Hiroshi Sugimoto / Andreas Gursky / Thomas Ruff / Jeff Wall / Lewis Baltz / Jean-Marc Bustamante
3- A Fotografia Conceitual: John Baldessari / Bemd & Hills Becher / Christian Boltanski / Alain Fleischer / John Hillard / Roni Hom / Martin Parr / Gegorges Rousse / Thomas Struth / Wolfgang Tillmans
- Título Original: Contacts
- Ano: 1990 - 2004
- Duração: 429 min.
- Idiomas: Alemão, Francês, Inglês, Italiano
- Formato de tela: 16:9
- Classificação indicativa: 16 anos
Vários
Box Graciliano Ramos
Este box reúne os três títulos da coleção de DVDs do Instituto Moreira Salles baseados em obras literárias do escritor Graciliano Ramos: Vidas secas (1963), Memórias do cárcere (1984), ambos dirigidos por Nelson Pereira dos Santos, e São Bernardo (1972), de Leon Hirszman.
- Ano: 1963-1984
- Duração: 411 min. aprox.
- Idioma: Português
- Cores: Colorido, Preto e Branco
- Legenda: Sem legenda
- Classificação indicativa: 14 anos
- País: Brasil
- Informações adicionais / Extras:
Livretos com análises críticas dos filmes.
Sobre os diretores:
Nelson Pereira dos Santos (São Paulo, 1928) é Bacharel em direito pela USP. Foi um dos precursores do movimento do Cinema Novo. Realizou pelo menos dois marcos da história do cinema brasileiro: Rio 40 graus (1955), seu longa-metragem de estreia, e Vidas secas (1964), adaptação da obra de Graciliano Ramos, prêmio da crítica no Festival de Cannes.
Leon Hirszman (Rio de Janeiro, 1937 - 1987), ainda estudante de Engenharia, , iniciou suas atividades em cineclubes e ligou-se a Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Viana Filho. Foi um dos fundadores do CPC – Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes (UNE), onde realizou seu primeiro filme, o curta Pedreira de São Diogo (episódio de Cinco vezes favela, 1962). Pelo filme Eles não usam black-tie (1981), adaptação da peça de Gianfrancesco Guarnieri, recebeu Leão de Ouro do Festival de Veneza. Os últimos anos de sua vida foram dedicados ao projeto Imagens do inconsciente, uma série de três documentários sobre três artistas esquizofrênicos do Centro Psiquiátrico Pedro II do Rio de Janeiro, coordenado pela psicanalista Nise da Silveira. O trabalho foi concluido em 1986.
Vários
Cabra Marcado Para Morrer
“O filme, como sabemos, é fruto de uma abnegada procura de si mesmo, ao longo de vinte anos de impossibilidades políticas e materiais, sem esconder a aventura de sua execução, transforma esta aventura em estilo fílmico, usando recursos de tele-reportagem, do cinema direto, do documentário tradicional e de montagem”. Para Walter Lima Jr. (em O cinema cúmplice da vida de Eduardo Coutinho) é um filme sobre a “desagregação de uma família sob pressão policial intensa” e sobre “a descoberta de que a fé de cada um deles não desaparecera, assim como o quadro de injustiças sociais”.
- Ano: 1964-1984
- Duração: 119 min. aprox.
- Idioma: Português
- Formato de tela: 4:3
- Cores: Colorido, Preto e Branco
- Legenda: Inglês
- Classificação indicativa: 12 anos
- País: Brasil
- Informações adicionais / Extras:
A família de Elizabeth Teixeira [65 min. aprox.] e Sobreviventes de Galileia [27 min. aprox.] de Eduardo Coutinho: 50 anos depois da ficção interrompida pelo golpe militar, em março de 1964, e 30 anos depois da conclusão do documentário, em março de 1984, um re-encontro com Elizabeth Teixeira e seus filhos e com os camponeses do engenho Galileia. Faixa comentada com Carlos Alberto Mattos, Eduardo Escorel e Eduardo Coutinho. Livreto com textos de Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Sylvie Pierre, José Carlos Avellar e outros.
Sobre o diretor:
Antes de se tornar documentarista, Eduardo Coutinho (São Paulo, 1933- Rio de Janeiro, 2014) foi jornalista e estudou cinema no Institut des Hautes Études Cinematographiques (IDHEC) de Paris. Em 1964, iniciou e viu interrompida, pelo golpe militar, as filmagens de Cabra marcado para morrer (que só seria concluído em 1984). Em seguida, dirigiu três filmes de ficção: O pacto (1966), O homem que comprou o mundo (1968) e Faustão (1970). Integrou a equipe do programa Globo Repórter, para o qual realizou documentários como Seis dias de Ouricuri (1976) e Teodorico, o imperador do sertão (1978), e a partir dos anos 80, se dedica principalmente à direção de documentários, entre eles: Santo forte (1999), Edifício Master (2002), Jogo de cena (2007), Moscou (2009) e Últimas conversas (2015) - este montado por Jordana Berg e terminado por João Moreira Salles após a morte do diretor.