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Cronologia Seydou Keïta

1921

Seydou Keïta nasce em Bamako, então capital do Sudão Francês, uma das colônias da África Ocidental Francesa. Era o primogênito dos cinco filhos de uma família que descendia do clã de Soundyata Keïta, fundador do império do Mali, no século xiii, e da família Touré, uma das três fundadoras de Bamako.

1928–1938

Keïta não vai para a escola, mas, aos 7 anos, torna-se aprendiz de carpintaria de seu pai, Bâ Tièkòrò, e de seu tio, Tièmòkò.Em uma viagem para o Senegal, seu tio compra uma câmera-caixote Kodak Brownie 6×9 e um filme de 8 poses. Fascinado pela câmera, o menino Seydou recebe-a de presente e começa a fotografar sua família e seu entorno, principalmente os aprendizes de marcenaria.

Ele revela suas fotos no Photo-Hall Soudanais, cujo dono, o francês Pierre Garnier, lhe dá conselhos técnicos.

1939–1947

Aos 18 anos, Keïta começa a exercer a fotografia profissionalmente, no início em paralelo ao ofício de carpinteiro. Faz retratos dos clientes nas ruas ou em suas casas.

Autodidata, ele aperfeiçoa sua técnica com a ajuda de outros profissionais, principalmente de Mountaga Dembélé, que abre um estúdio fotográfico em Bamako em 1945 e será mentor de inúmeros artistas locais. Keïta passa a revelar suas fotografias na sala escura que Mountaga tem em sua casa.

Compra uma câmera-caixote de 6×9 com chapas de vidro, logo substituída por uma câmera 9×12 com filme.

1948

Seydou Keïta abre seu estúdio fotográfico, que leva seu nome, em Bamako-Coura, bairro moderno, próximo à estação de trem, onde seus aprendizes de marcenaria fazem o papel de caçadores de clientes, distribuindo cartões do estúdio.

Keïta casa-se pela primeira vez. Ao longo da vida, terá seis esposas e 21 filhos.

1949–1961

Uma câmera-caixote 13×18 passa a ser seu principal instrumento para fazer retratos em preto e branco, revelados por contato, sem ampliação, com uma tomada apenas por cliente.

Keïta realiza milhares de retratos, catalogando cuidadosamente seus negativos, limpando-os uma vez por ano e preservando-os para permitir novas impressões, caso algum cliente solicite.

O Mali conquista sua independência, em 1960. Modibo Keïta, várias vezes retratado pelo fotógrafo em seu estúdio, e de quem era parente distante, torna-se o primeiro presidente do país, comandando um governo socialista.

1962–1976

Recrutado por seu amigo de infância Issa Traoré, chefe da polícia maliana, Keïta passa a ser fotógrafo oficial do governo. Por algum tempo, consegue conciliar o posto com as atividades de seu estúdio.

Fecha seu estúdio e, por 14 anos, dedica-se exclusivamente ao emprego no governo. Cobre eventos oficiais, visitas de chefes de Estado e trabalha para os serviços de segurança. Os arquivos dessa época não são acessíveis e podem ter desaparecido.

Bamako (Mali), entre 1948 e 1963. Foto de Seydou Keïta/ Contemporary African Collection (CAAC) - The Pigozzi Collection
1977–1990

Seydou Keïta se aposenta e passa a se dedicar a uma de suas paixões: a mecânica. Conserta motores de ciclomotores e máquinas fotográficas. Pouco se sabe de sua vida até o início dos anos 1990.

1991–1994

Em maio, é inaugurada a exposição Africa Explores, no Center for African Arts, em Nova York, organizada por Susan Vogel. Entre instalações, peças gráficas e pinturas, a seção “Urban Art” trazia sete fotografias creditadas a um fotógrafo anônimo de Bamako.

Jean Pigozzi, fotógrafo e colecionador de arte contemporânea africana, visita a exposição e fica encantado pela beleza das fotos. Pede então a André Magnin, curador de sua coleção, que descubra quem é o fotógrafo. Alguns meses depois, Magnin vai a Bamako e encontra Seydou Keïta. Seleciona 921 negativos e, de volta a Paris, começa a encomendar ampliações no formato 50×60cm, com a supervisão do fotógrafo.

Pouco tempo antes, a fotógrafa Françoise Huguier, em uma de suas muitas viagens pela África, também descobre a obra de Keïta. Junto com o fotógrafo Bernard Descamps, ela elabora um projeto de promoção da fotografia africana, que culminará com a realização dos Premières Rencontres de la Photographie Africaine, em Bamako, em 1994, com destaque para as obras de Keïta e de Malick Sidibé.

O interesse pela fotografia africana no período também resulta na criação em Paris da Revue Noire, dedicada à fotografia contemporânea na África.

Em 1994, André Magnin organiza a primeira exposição dedicada a Seydou Keïta, na Fundação Cartier, em Paris. O sucesso leva a exposição a itinerar por vários países, como Estados Unidos, Holanda, Finlândia e Brasil (no Mês da Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1997). Keïta passa a ser conhecido internacionalmente e consagrado como um dos grandes retratistas de sua época.

1995–1998

André Magnin encomenda ampliações em grande formato (120×180cm) de retratos originais de Keïta.

Em 1997, em conjunto com o editor de fotografia Walter Keller, Magnin coordena a primeira publicação dedicada à obra de Keïta, editada pela Scalo, de Zurique.

No mesmo ano, galerias europeias começam a exibir e vender o trabalho do fotógrafo, e uma grande exposição com as ampliações em grande formato é inaugurada na galeria Gagosian, em Nova York.

Em 1998, a revista Harper’s Bazaar organiza uma sessão de fotos com Keïta em Bamako, em que o fotógrafo reproduz minuciosamente o processo de preparação de seus retratos, como fazia na década de 1950.

Fotografias de Keïta são selecionadas para a 24ª Bienal de São Paulo, 1998.

2001

Em 21 de novembro, Seydou Keïta morre em Paris.


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