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Do fotojornalismo ao arquivo

Mulheres fotógrafas na América Latina

Curso

com Erika Zerwes

Quando

22 e 29/9, 6 e 13/10/2021, quartas, das 17h30 às 19h30. Inscrições a partir de 13/9, às 12h

Evento online e gratuito

4 encontros via plataforma Zoom

Abordando o fazer fotográfico de mulheres como Susan Meiselas, Lucila Quieto, Paula Luttringer, Nair Benedicto, Rosa Gauditano, este curso propõe uma reflexão conceitual e histórica sobre cultura visual, cultura política e a ideia de arquivo na fotografia, através do estudo dessa produção recente da fotografia politicamente engajada, realizada por um sujeito social muitas vezes invisível ou relegado a segundo plano, a mulher.

Como defende Ariella Azoulay em Potential History, desfazer a lógica colonial implica também questionar a utilização de conceitos políticos como cidadão, arquivo, arte, soberania, e direitos humanos, assim como categorias como o novo e o neutro, que reforçam a vontade imperialista de “progresso”. As fotógrafas discutidas propõem abordagens originais e diversas da ideia de arquivo, seja o arquivo do presente, produzido pelo trabalho jornalístico, seja questionando e ressignificando arquivos fotográficos próprios ou institucionais. Desse modo, colocam em xeque narrativas históricas oficiais relativas a momentos de conflitos sociais e políticos na América Latina na segunda metade do século XX.

Devido à alta procura, as vagas para este curso estão esgotadas. Novas vagas poderão ser disponibilizadas na plataforma em caso de desistências.

Mulheres pela Vida, da série Protestos, 1988. Coleções Fundación MAPFRE © Paz Errázuriz, cortesia da artista.

Programa

Aula 1 | Fotografia de estúdio e fotografia moderna

Um panorama introdutório sobre as principais questões históricas relacionadas à participação das mulheres no ofício da fotografia: o ensino da fotografia de estúdio para mulheres na América Latina entre fins do século XIX e início do XX; a chegada da fotografia moderna, em especial com Tina Modotti no México; e a geração de fotojornalistas brasileiras da década de 1950.

Aula 2 | Fotojornalismo e imagens apropriadas

As diferentes formas pelas quais a ditadura militar brasileira foi questionada pelo trabalho fotográfico de mulheres. Esse engajamento ocorreu no calor do momento, como foi o caso da cobertura fotojornalística que profissionais como Nair Benedicto e Rosa Gauditano fizeram dos movimentos sociais e das greves do ABC, que ajudaram a acelerar a queda do regime autoritário. Aconteceu também por meio do trabalho de artistas como Anna Bella Geiger e Rosangela Rennó, que ao se apropriarem de imagens, reinterpretarem e reconstruirem arquivos fotográficos, questionaram conceitos sobres os quais a ditadura se construiu.

Aula 3 | Fotojornalismo, livro de fotografia e exposição fotográfica

O trabalho da norte-americana Susan Meiselas e das fotógrafas participantes da agência de fotojornalismo chilena AFI, em especial Paz Errázuriz, Helen Hugues e Kena Lorenzini. Enquanto estas últimas produziram um arquivo de imagens que narram o período da ditadura de Pinochet, e que em parte ficou por muitos anos inédito, Meiselas desenvolveu diversos trabalhos relacionados a conflitos na América Latina. Responsável por imagens que se tornariam ícones e participariam da representação visual de tais eventos históricos, Meiselas também retomou seu arquivo por diversas vezes, chegando a por em questão a própria forma com que elas narraram estes eventos históricos.

Aula 4 | A fotografia e os desaparecidos

Esta aula se concentrará nos trabalhos fotográficos que questionam um dos principais aspectos da ditadura argentina, os desaparecidos, por meio do trabalho de fotógrafas como Helen Zout, Paula Luttringer e Lucila Quieto. Tais obras se apropriaram de arquivos oficiais da ditadura finalmente reabertos depois de décadas, produziram novas imagens em lugares de memória ou retratos de sobreviventes, bem como criaram novos arquivos, por vezes fictícios, baseados em arquivos pessoais. Dessa forma, foram capazes de questionar versões oficiais e elaborar novas e transgressoras representações imagéticas dando conta de um capítulo da história levado a cabo justamente com a intenção de não deixar vestígios.


Sobre Erika Zerwes

É graduada em filosofia e doutora em história pela Unicamp, com estágio-sanduíche na EHESS-Paris. Realizou seu pós-doutorado no MAC-USP, pesquisando a fotografia humanista em seus diversos aspectos e dimensões políticas. É autora de Tempo de guerra: cultura visual e cultura política nas fotografias dos fundadores da Agência Magnum (2018). É também coautora, com Iara Schiavinatto, de Cultura visual: imagens na modernidade (finalista do Prêmio Jabuti 2019) e, com Helouise Costa, de Mulheres fotógrafas / Mulheres fotografadas: fotografia e gênero na América Latina (2021). Atualmente é fellow no DfK-Paris.


Como participar

Devido à alta procura, as vagas para este curso estão esgotadas. Novas vagas poderão ser disponibilizadas na plataforma em caso de desistências.

Quando
22 e 29/9, 6 e 13/10/2021, quartas, das 17h30 às 19h30

Curso online
Grátis, com inscrições prévias.
Lugares limitados (100 vagas).
4 aulas através da plataforma Zoom.

Vacine-se. Use máscara sempre, lave as mãos e use álcool em gel. Evite aglomerações.


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