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Vitrines e fachadas - Dois ensaios paulistanos de Dulce Soares

IMS Poços de Caldas

Rua Teresópolis, 90

Poços de Caldas/MG

CEP 37701-058

Visitação

Exposição encerrada.

De 4 de fevereiro a 21 de maio de 2017.

Horário

De terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 13h às 19h. 

Contato

Tel.: (35) 3722-2776

Apresentação

Curadoria

Valentina Tong

Na Internet

#DulceSoares

Imprensa

(11) 3371-4455
[email protected]

No início da década de 1970, grandes obras de infraestrutura e a alta especulação imobiliária transformaram a paisagem paulistana. Nesse mesmo período, o conceito de patrimônio histórico no Brasil foi ampliado e passou a incluir o conjunto de elementos urbanos, e não apenas monumentos isolados. Novos órgãos de preservação nas esferas estadual e municipal também foram criados. Em 1976, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo montou a Comissão de Fotografia e Artes Aplicadas.

É nesse contexto que se desenvolveu o trabalho da fotógrafa Dulce Soares (Rio de Janeiro, 1943). Em 1977, a Comissão encarregou Dulce de fotografar o bairro da Barra Funda, como parte de um projeto de documentação da cidade, que incluiu também a Estação da Luz, fotografada por Antonio Carlos d’Ávila, e o Brás, registrado por Cristiano Mascaro e Pedro Martinelli. O convite partiu dos fotógrafos Claude Kubrusly e Maureen Bisilliat, que, além de fazerem parte da comissão, coordenavam as atividades da escola de fotografia Enfoco (1968-1976), onde Dulce estudara por dois anos. As fotos da Barra Funda, realizadas em um período de quase um ano, resultaram no ensaio Esquinas, fachadas e interiores,exposto no Masp em 1979 e publicado pela Imprensa Oficial de São Paulo em 1982.

Nesse trabalho, Dulce pôs em prática um método de fotografar baseado na repetição e na alternância. Ao destacar elementos tipológicos na paisagem do bairro e organizá-los em séries, a fotógrafa permite compará-los, enfatiza suas particularidades e os apresenta como parte de um contexto. A compreensão da paisagem é ampliada ainda pela alternância entre planos abertos e detalhes, fachadas e interiores.

Durante uma de suas caminhadas, já depois de concluir o trabalho da Barra Funda, Dulce deparou-se com a rua São Caetano, via que concentra o comércio de vestidos de noiva na região central de São Paulo. No ensaio Vestidos de noiva, a fotógrafa usa novamente a repetição e a alternância para fotografar as vitrines e os interiores, mulheres e manequins, ateliês de costura e provadores. Ao se aproximar desse universo, ela documentou o sistema de produção dos vestidos de noiva, ao mesmo tempo em que propôs uma reflexão sobre a relação da mulher com o sonho do casamento.

Em visita a Poços de Caldas em 1974, hospedada no Palace Hotel, construção da década de 1930, Dulce Soares explorou o majestoso interior do edifício. Na escola de fotografia Enfoco, a fotógrafa mostrou o ensaio a professora Maureen Bisilliat, que reconheceria o surgimento de uma linguagem própria. O olhar direto e a construção seriada foram aprimorados nos anos seguintes, e revelaram-se plenamente em seus dois ensaios mais conhecidos: Barra Funda e Vestidos de noiva.

Os três trabalhos de Dulce Soares, reeditados e exibidos juntos pela primeira vez, fazem parte do acervo do Instituto Moreira Salles.

Barra Funda, 1977. Dulce Soares / Acervo IMS

Imagens


Barra Funda

As imagens deste ensaio, feito a partir das caminhadas fotográficas de Dulce Soares e que reforçam o ponto de vista do pedestre, registram parte da história da Barra Funda por meio da arquitetura.


Vestidos de noiva

Localizada no bairro da Luz, a rua São Caetano é conhecida também como Rua das Noivas. Dulce fotografou a região entre 1978 e 1979, época em que a via recebia um fluxo intenso de mulheres de diferentes classes sociais, da cidade e do interior paulista.


Vídeo

Conversas na galeria: Maria Rita Kehl
Maria Rita Kehl, psicanalista, ensaísta e jornalista, falou sobre a série "Vestidos de noiva", de Dulce Soares, entre as obras da exposição Vitrines e fachadas: dois ensaios paulistanos de Dulce Soares, no Instituto Moreira Salles de São Paulo, em novembro de 2016.


Sobre Dulce Soares

A fotógrafa Dulce Soares (1943) nasceu no Rio de Janeiro, onde frequentou os cursos de gravura no Museu de Arte Moderna e teve seu primeiro contato com a fotografia. Mudou-se para São Paulo em 1964, onde fez cursos na Kodak e estudou na escola Enfoco (1971- 1972). Teve aulas com Claude Kubrusly e Maureen Bisilliat.

Nos anos 1970, começou a fotografar profissionalmente, com ensaios sobre a paisagem, na maioria urbanos. Participou da XII Bienal Internacional de São Paulo, em 1975, e da I Trienal de Fotografia, MAM-SP, em 1980.

Em 1977, realizou o ensaio Barra Funda, exposto no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e editado pela Imprensa Oficial de São Paulo. Em 1978, realizou o ensaio Vestidos de noiva, publicado em 1981. Ambos os ensaios, um total de 1.108 negativos, encontram-se no acervo do Instituto Moreira Salles.

Coautora do livro A cidade (Raízes Artes Gráficas, Rhodia), de 1979, Dulce também foi colaboradora das revistas Claudia, Casa Claudia, Vogue, Casa Vogue e Iris. Ganhou o Prêmio Pirelli de Fotografia em 1999. Também foi coordenadora de projetos editoriais nas áreas de arte, arquitetura, urbanismo e meio ambiente. Foi professora de fotografia editorial no Centro de Comunicação e Artes do Senac. Suas obras estão nos acervos do Masp, MAM-SP, Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e IMS.

Dulce Soares na Reserva Técnica Fotográfia do IMS-RJ

Exposição encerrada.


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