A preciosa coleção de Humberto Franceschi é o marco inaugural do acervo de Musica do Instituto Moreira Salles. Devotadíssimo colecionador e pesquisador, Humberto sabia tudo a respeito do período da música popular brasileira que mais o interessava, o do nascimento do samba carioca no Estácio. Mas também conhecia como ninguém a história da indústria fonográfica no país.
Com 12.000 itens – praticamente tudo o que foi gravado com o selo da Casa Edison – sua coleção dá conta de um momento muito rico e decisivo da música popular. O que ele deixa é bem mais do que o que está expresso em milhares de discos em 78 rpm. Quem teve o privilégio de conviver com Humberto ouviu muitas histórias de suas peripécias como colecionador, de sua amizade com astros do samba como Ismael Silva e tantos outros, de suas fortes ligações com Vinicius de Moraes, seu primo, e das relíquias que mimava no apartamento em que morava no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Humberto conhecia música brasileira, assim como era autoridade em matéria de preservação e gravação músicas. Seus equipamentos de som eram de primeira qualidade. Musica digitalizada por ele tinha alto grau de pureza.
Faz parte de seu legado, além da formidável coleção de discos, o livro Samba de sambar, editado pelo IMS, que conta a historia do nascimento do samba no Estácio, Rio de Janeiro, com perfis de seus principais criadores. Em Samba de sambar está o Humberto pesquisador no mais amplo sentido. Ele dedicou atenção especial ao livro. Cuidou, passo a passo, do DVD-Rom encartado em cada exemplar, com centenas de musicas e imagens, além de mapa detalhado do Estácio.
A morte de Humberto Franceschi desfalca seriamente o colecionismo e a pesquisa sobre de música brasileira e deixa no IMS um sentimento de imenso pesar.
Flávio Pinheiro, superintendente executivo do IMS
Mais
– Programas com Humberto Franceschi na Rádio Batuta:
Humberto Franceschi lança “Samba de sambar do Estácio”
As canções que eles fizeram pra mim: Humberto Franceschi
– Cinco trechos da entrevista dada por Humberto Franceschi para o DVD encartado no livro Samba de sambar, sobre os primórdios do gênero no bairro do Estácio. Lançado em 2010, o volume será reeditado neste ano.
Nos vídeos, ele fala sobre: a vida de malandro que os sambistas levavam, explorando jogos de azar e a prostituição; Mano Edgar, tido como autor do primeiro samba surgido no Estácio; Ismael Silva, Noel Rosa e Francisco Alves, três protagonistas da época; o torneio de samba promovido pelo pai de santo e compositor Zé Espinguela; e sobre Francisco Duarte, o jornalista cujo acervo de fitas fundamentou a pesquisa que resultou em Samba de sambar.