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Aleijadinho em fotografias

17 de novembro de 2014

A obra de Aleijadinho despertou o interesse de diversos fotógrafos que integram o acervo do IMS, como Horacio Coppola, Marcel Gautherot, Marc Ferrez e outros, que buscaram maneiras únicas de retratar as esculturas pela lente da câmera fotográfica.

As fotografias de Marcel Gautherot das esculturas do Aleijadinho foram produzidas na década de 1940 como trabalho comissionado para o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), atual IPHAN. Neste período o SPHAN instaura, com orientações principalmente de Mário de Andrade*, uma política de documentação fotográfica que privilegiava as vistas de arquitetura, um gênero nascido em meados do século XIX. Gautherot se destaca dentre os outros fotógrafos por imprimir uma marca autoral reconhecida, tirando expressão artística do trabalho de documentação. As imagens de Gautherot foram reunidas no livro Paisagem moral, que conta ainda com poemas de Francisco Alvim inspirados na obra de Aleijadinho (uma leitura pode ser escutada na Rádio Batuta).

 

Cristo no Horto das Oli­veiras, passo do Horto, santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, c. 1942. Congonhas, Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Marcel Gautherot / Acervo Instituto Moreira Salles

 

Profeta Isaías, c. 1942. Congonhas, Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Marcel Gautherot / Acervo Instituto Moreira Salles

 

A missão de Gautherot e dos outros fotógrafos da equipe era sair a campo para registrar “obras de arte patrimonial” que serviam à reconstituição de monumentos da nação. Naquele período o SPHAN operava na contramão da pouca atenção que se dava a estas obras – muitos eram os prédios históricos abandonados e imagens barrocas eram sistematicamente substituídas por cópias em gesso. No esforço de legitimação das marcas do passado, a documentação do barroco era prioridade, já que entendida como a primeira expressão cultural tipicamente brasileira.

 

Profeta Jonas, c. 1942. Congonhas, Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Marcel Gautherot / Acervo Instituto Moreira Salles

 

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (Ouro Preto-MG, provavelmente 1738 – Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi o mais importante escultor do período colonial brasileiro e é considerado um dos maiores artistas do barroco nas Américas.

 

 

Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Congonhas do Campo, atual Congonhas – Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Marc Ferrez / Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles

 

Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, 1964. Congonhas, Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Alice Brill / Acervo Instituto Moreira Salles

 

Filho de um português e de uma ex-escrava, aprendeu o ofício ainda criança com o pai, também artesão. A doença – não conhecida – que o deformou se manifestou quando tinha 40 anos, já então um artista de renome em Ouro Preto. Seguiu trabalhando com progressiva dificuldade mas sem prejuízo à técnica. E não apenas isso: atribui-se ao sofrimento causado pela enfermidade a ousadia de muitas de suas criações, percebida nos traços góticos ou na revolta social expressa no entalhe de “brancos” ou “senhores” como figuras deformadas.

 

Profeta Jonas, 1958. Congonhas, Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Hans Mann / Acervo Instituto Moreira Salles

 

São João da Cruz, detalhe do pé, igreja de Nossa Senhora do Carmo, 1945. Sabará – Minas Gerais, Brasil. Fotografia de Horacio Coppola / Acervo Instituto Moreira Salles

 

Toda a obra de Aleijadinho foi produzida em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del Rei e Congonhas, onde se destacam a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e os profetas em pedra-sabão do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas.

 

*Então colaborador do SPHAN, segundo Lygia Segala no texto “Patrimônio histórico, artístico e cultura material”  in: O Olho Fotográfico – Marcel Gautherot e seu tempo. Heliana Angotti-Salgueiro, textos Heliana Angotti-Salgueiro, Lygia Segala e Olivier Lugon, São Paulo: FAAP, 2007.

 

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