Músico reconhecido internacionalmente pela virtuosidade de seu violão e pelas belas composições e parcerias com outros grandes nomes da música brasileira, Baden Powell (1937-2000) completaria 80 anos no próximo dia 6 de agosto. Nada melhor para homenagear um artista do que festejar sua obra e, mais importante, manter sua memória viva e em circulação constante disponibilizando seu acervo para fãs e pesquisadores. O Instituto Moreira Salles, que desde 2012 abriga em comodato o acervo do músico – composto por partituras, fotografias, cartas, livros, desenhos e três violões, entre outros itens – fará as duas coisas.
No próprio domingo, no IMS Rio, às 18h, o também violonista Marcel Powell vai apresentar, junto com a cantora Thaís Motta, algumas das pérolas criadas pelo pai. O show Baden Powell 80 Anos privilegiará as músicas que ganharam letras de parceiros de quase toda a vida de Baden, como Vinicius de Moraes e Paulo César Pinheiro. Os ingressos já estão esgotados, mas haverá um telão disponível para o público na área externa da casa na Gávea. Ao mesmo tempo, o IMS também está finalizando a digitalização da maior parte do acervo do músico sob a guarda do instituto, um rico material que, a partir de agora, poderá ser consultado integralmente on-line na base de dados da instituição.
“Quase tudo o que há de Baden no acervo estará na base de dados, as pessoas não precisarão vir até aqui somente para saber o que temos”, comemora Beatriz Paes Leme, coordenadora de Música do IMS. “Há muitas fotos, partituras, algumas delas anotadas por ele, centenas de recortes de jornal, programas de show, cartas. Um material bem amplo”.
Beatriz lembra que Baden dialoga bastante com a música produzida na primeira metade do século XX, principalmente por Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga – a quem ela se refere carinhosamente como sua “santíssima trindade” –, todos eles destaques no acervo do IMS. “Baden é um filho genuíno do samba, e tem muito a ver com essa turma, com a música dos três. Ele, assim como Elizeth Cardoso, são de uma MPB que é pré-bossa nova”.
Embora seja bastante identificado com o gênero que expôs gênios como João Gilberto, por exemplo, Baden “definitivamente não é bossa nova”, afirma a coordenadora. “Ele é um virtuose, tem uma versatilidade absurda. Fez arranjos para bossa nova, mas tem uma assinatura muito original”. A ponte entre o músico e o gênero foi construída em grande parte pela parceria com Vinicius, conta Beatriz, com quem o violonista compôs tantas obras-primas do cancioneiro nacional. Entre as composições memoráveis estão, aliás, os afro-sambas (termo cunhado pelo poetinha) como Canto de Ossanha, que farão parte do repertório do show.
Além de Vinicius, o compositor Paulo César Pinheiro também será lembrado em diversas canções, como a bela “Refém da solidão”, gravada por Elizeth, e “Lapinha”, primeira parceria dele com Baden, eternizada por Elis Regina. Em maio de 1968, a música, defendida por Elis e pelos Originais do Samba, foi a vencedora da I Bienal do Samba, promovida pela TV Record em São Paulo.
Formado musicalmente com o pai, Marcel, filho caçula de Baden, sempre tocou composições dele, ainda que tenha lançado apenas no ano passado, com um show no IMS Rio, Só Baden, seu primeiro CD (e o sétimo de sua carreira) dedicado à obra paterna. Músico vencedor do Prêmio Rival Petrobras de 2006 como Melhor Instrumental Solo, Marcel gosta de lembrar que nunca tentou esconder a influência, embora tenha construído um estilo próprio. No domingo, dia 6, ao lado da cantora e compositora Thaís Motta, que já levou a MPB para diversos países, Marcel vai homenagear o pai mostrando mais uma vez ao público sua bela herança musical.
Baden Powell 80 Anos
Show com Marcel Powell e Thaís Motta
Domingo, 6 de agosto, às 18h
Auditório do IMS Rio [esgotado]
Telão nos jardins da casa [gratuito]