Didi ganhava mais do que o Juscelino, era o que se dizia com assombro, e era assombroso. Jogador, a maioria ia treinar de ônibus. Existe uma foto do Nilton Santos embarcando na condução para vir para General Severiano. Que distância telescópica. Assombrosa é hoje a diferença entre o que o Neymar ganha e o que ganha o presidente.
Pois bem, vejamos a legenda da foto (acima), publicada em 30 de setembro de 1953 no O Jornal carioca – que pertencia ao grupo Diários Associados-RJ, cujo arquivo integra o acervo do IMS desde 2016 –, em que Didi (de olhos fechados) aparece entre Telê e um certo Ceninho. Diz lá que ele tinha vindo do Madureira para as Laranjeiras por uma merreca. Mais: que o tal Ceninho era o melhor reforço do Tricolor para aquela temporada. Ceninho “desapareceu no turbilhão da galeria” como o folião do samba, enquanto Didi foi chamado pela crônica europeia de “Mr. Football”, o melhor jogador do campeonato mundial de 1958 na Suécia, entre craques do naipe de Kopa, Fontaine, Fritz Walter, Liedholm, Pelé e Garrincha.
E, no tempo em que os salários ainda guardavam relação com o razoável, Didi ganhava mais que o presidente da República, exclamação.
Na outra foto (abaixo), também ainda em Álvaro Chaves, antes de passar para o Botafogo, o “Pérola Negra” aparece, entre outros, com Zezé Moreira (com a bola) Castilho (agachado, olhando para a câmera) e Telê (na extrema direita), com as mãos na cintura e a camisa como sempre ensopada, não admira que fosse magro como era.
Nunca é demais repetir que foi Didi quem fez no Gilmar o primeiro gol no finado Maracanã, era um paulistas x cariocas, seleções de novos, primeiro teste do estádio feito para a Copa de 50. Foi 2 a 1, os paulistas viraram.
Cássio Loredano é caricaturista e consultor do IMS.