Nada a ver com a imagem de mulher espontânea, irreverente, histriônica, espalhafatosa e divertida, marca registrada da jurada de programas de auditório – de Chacrinha a Silvio Santos –, personagem mais popular de Elke Maravilha. Nos anos 1970, David Zingg fotografou a amiga caracterizada de Marylin Monroe e Josephine Baker. Fez dela uma diva, mas não deixou de explorar em outras sessões de estúdio seu lado extravagante e louco evidenciado pela cabeleira esplendorosa.
No acervo de Zingg sob a guarda do IMS desde 2012, Elke brilha intensamente entre estrelas como Leila Diniz, Pixinguinha, Caetano Veloso, João Gilberto, Dorival Caymmi, Nara Leão, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Tom Jobim e boa parte dos idealizadores do Cinema Novo.
Como quase todo mundo que posou para David Zingg, Elke Maravilha virou amiga de infância do fotógrafo. “David enxergava a alma da gente”, disse ela em reportagem sobre Zingg na revista ‘Serafina’, da ‘Folha de S. Paulo’, no final de 2013. “Ele tinha um humor divino. Ficávamos dias em Búzios enchendo a cara e rindo juntos.”
Duas figuras exóticas – ele americano de Nova Jersey, ela russa de Leningrado – que em comum tinham ainda a maneira muito própria de interpretar os personagens irreverentes que inventaram para viver no Brasil.
David Zingg morreu em julho de 2000 de falência múltipla de órgãos após complicações resultantes de uma cirurgia na próstata em hospital de São Paulo. Elke Maravilha morreu em hospital do Rio no dia 16 de agosto de 2016, também de falência múltipla de órgãos, após 45 dias internada. Na época, parentes publicaram a seguinte mensagem póstuma na página oficial da artista no Facebook:
“Avisamos que a nossa Elke já não está por aqui conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa… Que todos os deuses que ela tanto amava estejam com ela nessa viagem. Eros Anikate Mahan (O amor é invencível nas batalhas)… Crianças, conviver é o grande barato da vida, aproveitem e convivam.”
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Acervo David Zingg no IMS
Zingg, Andrew Zingg
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