Poderia ser apenas um rinoceronte. Mas, nas mãos de Millôr Fernandes, o animal de corpo forte e robusto ganha contornos escuros e expressivos que contrastam com o vermelho cor de sangue onde se distinguem, ligeiramente rabiscadas, as silhuetas de alguns prédios. É assim que surge um rinoceronte na praça de uma cidade indefinida, transformando o desenho, de 1960, em uma possível ilustração da peça O rinoceronte, escrita em 1959 pelo dramaturgo franco-romeno Eugène Ionesco.
Na peça, a aparição inesperada do rinoceronte e, posteriormente, de muitos outros da mesma espécie surpreende a população e introduz na cidade uma doença que transforma os seres humanos nesses animais. Um único cidadão, Bérenger, resiste à epidemia e critica a atitude de seus concidadãos, que passam a apreciar o novo aspecto físico. A obra é uma crítica à alienação e ao fanatismo dos tempos modernos. Veja abaixo o desenho do homenageado da Flip 2014. Ele foi localizado no acervo de Otto Lara Resende, sob a guarda do IMS.
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Por trás do ombro de Millôr