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Esta edição especial de Diário da tarde, do cronista e poeta mineiro Paulo Mendes Campos, feita pelo IMS, é limitada a 2.500 exemplares e tem caráter comemorativo: ao contrário das edições anteriores e vindouras, ela foge ao formato tradicional do livro e estampa os artigos, crônicas, colunas e aforismos do Diário da Tarde no formato de um jornal tablóide, com projeto gráfico de Daniel Trench e ilustrações de Veridiana Scarpelli. A escolha do formato tablóide foi a maneira de reproduzir a intenção original de Paulo Mendes Campos de fazer um jornal imaginário e pessoal.

Diário da tarde mostra especialmente o talento de Paulo Mendes Campos como cronista. O escritor, que alargou os limites do gênero, inclui em seu jornal pessoal – feito em 20 edições com oito seções fixas – textos que vão do futebol ao melhor da literatura brasileira e universal. Assim como frases curtas, poemas e aforismos que revelam seu humor, sua erudição e seu lirismo. Destacam-se, entre as seções, “Artigo indefinido”, em que o autor fala, de forma ordenada e pessoal, de escritores e obras de sua predileção, e “O gol é necessário”, em que revela toda sua paixão pelo futebol. O título de uma de suas crônicas de futebol virou definição: “Didi, coisa mental”.

O livro teve antes uma única edição, lançada em 1981 pela Civilização Brasileira/Massao Ohno. Atualmente, a obra completa de Paulo Mendes Campos está sendo relançada pela Companhia das Letras.

Paulo Mendes Campos nasceu a 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte. Iniciou seus estudos na capital mineira, prosseguiu em Cachoeira do Campo e terminou em São João del Rei. Começou a cursar Odontologia, Veterinária e Direito, mas não completou nenhum dos cursos. Jovem ingressou na vida literária, como integrante da geração mineira a que pertenceram Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, João Ettiene Filho e Murilo Rubião. Em Belo Horizonte, dirigiu o suplemento literário da Folha de Minas e trabalhou na empresa de construção civil de um tio. Foi ao Rio de Janeiro, em 1945, para conhecer o poeta Pablo Neruda, e por ali ficou. No Rio já se encontravam seus melhores amigos de Minas. Passou a colaborar em O Jornal, Correio da Manhã (de que foi redator durante dois anos e meio) e Diário Carioca. Neste último, assinava a “Semana Literária” e, depois, a crônica diária “Primeiro Plano”. Foi, durante muitos anos, um dos três cronistas efetivos da revista Manchete. Admitido no IPASE, em 1947, como fiscal de obras, passou a redator daquele órgão e chegou a ser diretor da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Em 1951 lança seu primeiro livro, “A palavra escrita” (poemas). Paulo Mendes Campos foi repórter e redator de publicidade. Foi, também, tradutor de poesia e prosa inglesa e francesa — entre outros Júlio Verne, Oscar Wilde, John Ruskin, Shakespeare, além de Neruda. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 1° de julho de 1991, aos 69 anos. Em 1999 foi homenageado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: seu nome está em uma pequena praça que fica no cruzamento das ruas Dias Ferreira, Humberto de Campos e General Venâncio Flores, no Leblon.