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Contraste

A 14ª edição da serrote, revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, traz um ensaio visual inédito de Paulo Pasta, um dos mais importantes pintores brasileiros contemporâneos. São imagens de paisagens (uma delas ilustra a capa da revista), que, segundo o artista, nasceram do entusiasmo seguido pela leitura da biografia de Van Gogh. Os trabalhos publicados na nova serrote também foram feitos a partir de lembranças das obras dos pintores franceses Corot e Daubigny e de fotos de sua cidade natal, Ariranha (SP).

A poeta e artista visual Laura Erber também é autora de um ensaio visual nesta edição: são telegramas enviados pela própria artista ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) ao longo de 2012. As peças fizeram parte da exposição Musa sem cabeça: a fábula do contemporâneo, realizada no MAM entre fevereiro e abril de 2013. E mais: Richard Sennett aponta os limites do mundo onde vivemos pelo paradoxo que ele gera – quanto maior a complexidade tecnológica, mais rudimentares as relações humanas, do trabalho à comunicação. Acompanham o ensaio fotos que o alemão Hans Gunter Flieg fez da industrialização de São Paulo ao longo das décadas de 1950 e 1960.

A realidade em mutação também é vista por Richard Nash a partir do universo editorial. Em “Qual o negócio da literatura?” Nash defende que, longe do fetichismo multimídia e da nostalgia do papel, o livro tem cada vez mais poder de reinventar-se como tecnologia.

Em “O ensaio literário no Brasil”, Alexandre Eulalio (1932-1988), um dos raros intelectuais brasileiros a sustentar o ponto de vista livre e independente do ensaísmo, percorre 200 anos de história intelectual para entender como a viagem do gênero, de Montaigne ao Novo Mundo, explica a peculiaridade do ensaísmo no Brasil. O texto é acompanhado por gravuras, pinturas e desenhos da série Carretéis, de Iberê Camargo.

A espanhola Beatriz Colomina, professora de história da arquitetura e diretora-fundadora do Programa sobre Mídia e Modernidade da Universidade de Princeton (EUA), é autora do ensaio “A parede vazada: voyerismo doméstico”, sobre como o uso da janela na arquitetura determina o que as obras de Loos e Le Corbusier têm de teatro ou de cinema.

“A vida assombrada das ruas”, sobre Nova York, é o primeiro inédito de Joseph Mitchell (1908-1996) revelado em muitos anos. O esboço da autobiografia jamais concluída confirma como fato e imaginação são um mesmo caminho para a inteligência. Pinturas da série Maps, de Paula Scher – designer que assina a identidade visual de instituições como o MoMA e a Metropolitan Opera House – ilustram o ensaio.

E ainda, o jornalista inglês especializado em história Charles Nicholl conta como Andrea del Castagno, um dos maiores pintores florentinos do Quattrocento, entrou para a história como assassino numa trama até hoje misteriosa.

Lionel Trilling (1905-1975), crítico e escritor americano, analisa o clássico Anna Kariênina, de Liev Tosltói. Segundo ele, o universo de Tolstói fascina por sua faculdade moral, por instituir como realidade o julgamento que toda pessoa digna faz de si mesma.