Fernando Lemos (Lisboa, Portugal, 1926 - São Paulo, Brasil, 2019) foi um nome importante ligado ao movimento surrealista português, articulando uma produção fotográfica experimental no país marcado pela ditadura salazarista. Mudou-se para o Brasil em 1953, onde se naturalizou brasileiro, radicado em São Paulo até sua morte. Atuou também como designer gráfico, ilustrador, artista plástico e poeta, colaborando para jornais e revistas. Sua produção fotográfica, caracterizada pelo desenho de luz natural no espaço – como em Luz Teimosa (1949-1952), teve um reconhecimento tardio nos anos 1990, quando ganha uma maior inserção internacional. Entre as séries mais recentes está Ex-fotos (2014), intervenções sobre fotografias amadoras descartadas por amigos em que ora ocultava ora revelava imagens por trás das impressões.
Estudou na Escola de Artes Decorativas Antório Arroio e frequentou o curso de pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. No Brasil, deu aula na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e presidiu a Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI). Participou de exposições como a Bienal Internacional de São Paulo e a 7ª Bienal Internacional de Fotografia. Tem obras em coleções como Fundação Calouste Gulbenkian, Museu de Arte Moderna de Moscou, MAM-SP e MAM-RJ, MAC, MASP, Pinacoteca e Instituto Cultural Itaú.
É interessante destacar a conexão de Fernando Lemos com Jorge Bodanzky, também titular da coleção Arte Contemporânea do IMS. Lemos foi dono da agência de publicidade Maitiry, que tinha Bodanzky como fotógrafo fixo. Várias fotos da exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985 vêm do trabalho na Maitiry. Foi também Lemos quem convidou Bodanzky para assinar a direção da elegante fotografia em preto e branco do filme Compasso de espera (1973), de Antunes Filho, cujas fotos também estão no acervo do IMS.
Os negativos fotográficos de Fernando Lemos foram adquiridos pelo IMS em 2019. Também fazem parte do acervo obras de design, literatura, ilustrações e gravuras, além do arquivo de documentos do autor.
A recusa: esconder a identidade
Fernando Lemos
A recusa: esconder a identidade, 1949-1952
Glicínia Quartin
Fernando Lemos
Glicínia Quartin, 1949-1952
Iluminação
Fernando Lemos
Iluminação, 1949-1952
A lavagem cerebral
Fernando Lemos
A lavagem cerebral, 1949
Nora Mitrani
Fernando Lemos
Nora Mitrani, 1949-1952
Manuela Torres
Fernando Lemos
Manuela Torres, 1949-1952
São Paulo
Homenagem a Fernando Lemos
IMS Paulista | 18/2/2020
O calígrafo acidental. Fernando Lemos e o Japão
Lisboa, Portugal
Centro de Arte Moderna Gulbenkian, com parceria do IMS
21/9/2024 a 20/1/2025
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