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Contraste

AUDIOdescrição

Walter Firmo

no verbo do silêncio a síntese do grito

01 Abertura e apresentação

A minha origem é suburbana, meu coração suburbano, eu fui.... gerado no Irajá, né? E.... Zona Norte do Rio de Janeiro.... e parido no Bairro Imperial onde morou dom João VI, São Cristóvão. Essa coisa da minha vida através da fotografia... se deu, eu acho que, por um momento em que eu, menino, e minha avó, que me criou até os 5 anos, ela não me deixava brincar com os outros meninos da rua. E eu ficava imaginando as coisas através das árvores, do céu, do quintal, onde era o meu domínio diário. Eu ia ser padre, com 11 anos. Eu desisti, que eu estudava no colégio Salesiano. Depois cantor de rádio, ainda cheguei a cantar na Rádio Tupi. E até que veio a fotografia através do José Medeiros, que eu via O Cruzeiro, as fotos do José. Eu digo: "Poxa, eu queria viajar! Eu não sou um homem de ficar num lugar só, quero viajar, quero ser o Zé Medeiros." E aí entrou a fotografia na minha vida. Eu trabalhei na Última Hora, no Jornal do Brasil, na revista Realidade, na Manchete, Fatos e Fotos... Depois fiz freelancer, né? Depois também trabalhei na sucursal do Rio de Janeiro da revista Veja, da revista IstoÉ... O Teênis Esporte, é uma revista de São Paulo e eu até hoje adoro ver tênis, sou capaz de ficar 5 horas diante de uma TV vendo uma final de... Mas enfim... E quem me tirou diretamente das ruas foi o Celso Furtado, que era ministro da Cultura no governo Sarney. E este que foi também, exatamente pelo ministro, colocado como diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte. E daí pra cá, minha vida mudou. Eu comecei a fotografar mais pra mim, né? Mais em preto e branco, e comecei a lecionar fotografia. Esta é a minha vida.

Olá, caro visitante! Seja bem-vindo à exposição Walter Firmo, no verbo do silêncio a síntese do grito, com cerca de 265 fotografias, 5 vídeos e inúmeras vitrines com objetos pessoais, distribuídos no 8º e 9º andar do Instituto Moreira Salles, em salas com paredes nas cores amarelo, cinza e laranja. Todo este acervo documenta várias regiões do país, destacando personagens, sobretudo os negros, manifestações culturais e religiosas, além de retratos icônicos de grandes nomes da música popular. Você terá acesso à audiodescrição de inúmeras obras, algumas têm também a reprodução tátil, aos textos curatoriais, depoimentos de Walter Firmo e às informações sobre cada núcleo por meio de áudios, disponíveis em QR codes, distribuídos ao longo de seu percurso pela exposição. Eles poderão ser encontrados nas paredes, na lateral de algumas obras suspensas e também ao lado de cada reprodução tátil. Vamos começar a visita? Neste primeiro núcleo, há um grande painel em tecido cor de laranja, à esquerda da porta de entrada, escrito com letras pretas, com o título da exposição e uma citação do fotógrafo: “A imagem não pode ser neutra. O poder do olhar deve influenciar as pessoas, porque o ato de fotografar tem que ser político, e não um mero acaso instantâneo.”

Aqui, estão cerca de 20 obras de grande formato, produzidas pelo fotógrafo ao longo de sua carreira, 4 delas com audiodescrição, um vídeo de abertura e um texto curatorial. Depois de assistir ao vídeo, você irá conhecer as obras com audiodescrição disponíveis neste núcleo: Noiva na favela de Alagados, que tem um totem na frente com a reprodução tátil; Gaudêncio da Conceição durante Festa de São Benedito, Funcionários da casa da Lily Marinho e Funcionário do Hotel Nacional. Caso esteja desacompanhado, peça ajuda a um orientador de público ou um educador para localizar a primeira obra com audiodescrição e reprodução tátil: Noiva na favela de Alagados.

Nascido em 1º de junho de 1937 no Rio de Janeiro, Walter Firmo conta que desde garoto sonhava em fotografar. Ingressou no fotojornalismo em 1955, como aprendiz, no jornal Última Hora, e não parou mais. Trabalhou em diversos jornais e revistas e construiu uma carreira longeva, reconhecida por prêmios. Um deles foi o Esso de Reportagem, em 1963, conquistado por “Cem dias na Amazônia de ninguém”, matéria publicada no Jornal do Brasil com fotos e texto seus. Chamado de “mestre da cor”, Firmo é autor de retratos memoráveis de ícones da música brasileira como Pixinguinha, Dona Ivone Lara, Cartola. Outra vertente bastante conhecida de seu trabalho são as imagens de festas populares registradas por todo o Brasil, do carnaval do Rio de Janeiro ao bumba-meu-boi no Maranhão. Desde 2018 o IMS abriga, em regime de comodato, aproximadamente 155 mil fotos feitas por Firmo ao longo de várias décadas. (Foto: Walter Firmo, Nazaré da Mata, PE, 2014 circa)