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Lygia Fagundes Telles


Apresentação

Paralelamente à produção de contista, Lygia iniciou, em 1941, o curso na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, onde conviveu com intelectuais modernistas que ainda circulavam pelos cafés e bares do entorno. Ali conheceu o crítico de cinema e ensaísta Paulo Emilio Salles Gomes, que se tornaria seu segundo marido, depois de desfeito o casamento de dez anos (de 1950 a 1960) com o jurista Goffredo da Silva Telles Jr. Dessa união, teve seu único filho, Goffredo da Silva Telles Neto, autor do documentário Narrarte, de 1990, sobre a vida e a obra da mãe.

O sucesso literário no exterior viria com os contos de Antes do baile verde, de 1970, vencedor do Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, na França. Lygia ganhou ainda vários e importantes prêmios brasileiros com o romance As meninas, de 1973, publicado em Nova York em 1982, com o título de The girl in the photograph. Escritora que se orgulha de testemunhar a sua época, nesse livro ela aponta as encruzilhadas nos caminhos das jovens Lorena, Lia e Ana Clara nas décadas de 1960 e 1970. Adaptado para o cinema por Emiliano Ribeiro, também diretor do filme, que estreou em 1996, esse romance precedeu o já hoje clássico conto “Seminário dos ratos”, do livro homônimo, de 1977. Desse livro, faz parte “Pomba enamorada ou uma história de amor”, que o escritor português José Saramago considerava obra-prima.

Questões relacionadas ao envelhecimento e à solidão, este último tema caro à ficcionista, estão presentes no romance As horas nuas, de 1989, em que o leitor segue o desnudamento da personagem Rosa Ambrósio, com suas frustrações expostas nas memórias que ela dita num gravador.

Estudada pelos melhores críticos da literatura brasileira e traduzida para várias línguas, Lygia Fagundes Telles alterna romance e conto. Do mesmo modo que convive durante meses com as personagens do primeiro, enquanto as desenvolve lentamente, lida bem com a vida curta das do segundo. O conto, gênero em que atingiu notável refinamento, é, para ela, “uma forma arrebatadora de sedução”; é preciso “seduzir o leitor em tempo mínimo”, afirma.

Eleita em 1985 para a Academia Brasileira de Letras, tomou posse em maio de 1987. Foi a terceira mulher a entrar para a instituição, onde ocupa a cadeira 16. Sempre ativa na sua produção de ficcionista, aos 88 anos de idade publicou Passaporte para a China, coletânea de crônicas sobre uma viagem de 20 dias que fez a Pequim e Xangai.

No IMS

O Acervo Lygia Fagundes Telles chegou ao Instituto Moreira Salles em 2004. É formado de biblioteca de cerca de 1.032 itens, entre livros e periódicos; e de arquivo com aproximadamente: produção intelectual contendo 1.010 documentos, entre os quais datiloscritos de contos e adaptações (incluindo a do romance D. Casmurro, de Machado de Assis, trabalho de Lygia em parceria com Paulo Emilio Salles Gomes que ficaria perdido em seus papéis e que seria publicado em 1993 com o título de Capitu, reeditado em 2007), correspondência com 220 itens, 240 documentos pessoais, 5.550 recortes de jornais e de revistas, 220 fotografias, cinco desenhos de autoria de Carlos Drummond de Andrade e 50 documentos audiovisuais. O acervo conta ainda com a máquina de escrever da escritora.

Em maio de 1997, Lygia Fagundes Telles participou da série O escritor por ele mesmo, projeto do Instituto Moreira Salles que compreendia um depoimento ao vivo, nas sedes do IMS, e a leitura de textos do autor, feita por ele próprio, gravados em CD anteriormente e distribuídos ao público no dia do depoimento. Para esse projeto, Lygia gravou a leitura de dois contos: “A estrutura da bolha de sabão” e “As formigas”. Em março de 1998, o IMS a homenageou com a edição do volume nº 5 dos Cadernos de Literatura Brasileira. A edição contou com a reprodução do primoroso conto “Que se chama solidão”, que, ao lado de outros também inéditos, seriam incluídos posteriormente em Invenções e memória.

Para comemorar os 90 anos de nascimento de Lygia, em 19 de abril de 2013, o IMS promoveu o evento Uma noite com Lygia, que constou de leitura de contos da autora feita pela atriz Julia Lemmertz.


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