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Peter Scheier


Apresentação

Depois de publicar algumas fotos no suplemento de rotogravura de O Estado de S. Paulo, ganhou em 1939 o prêmio do Concurso Centenário de Fotografia, promovido pelo jornal. Trabalhou em O Cruzeiroentre 1945 e 1952. Os fotógrafos da revista, na sua maioria europeus, eram liderados pelo francês Jean Manzon (1915-1990). Scheier fazia dupla com os repórteres Nelson Motta e Arlindo Silva, o primeiro jornalista a entrar no quarto em que Getúlio Vargas se suicidou, em 1954.

Graças ao fato de O Cruzeiro pertencer ao grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, transformou-se em fotógrafo oficial do Museu de Arte de São Paulo, inaugurado em 1947. Seus registros de eventos captaram a própria constituição do acervo do museu, bem como suas primeiras exposições. A atuação no Masp e a relação com o diretor do museu, Pietro Maria Bardi e sua esposa, Lina Bo Bardi, levaram Scheier a fotografar diversos trabalhos da arquiteta, como a Casa de Vidro e a documentação de artesanato iniciada por ela na Bahia.

Ainda nos anos 1940, o fotógrafo criou o Foto Studio Peter Scheier, empresa familiar que funcionou em São Paulo até 1975, ano em que retornou à Alemanha com sua esposa, Gertrudes Willheim. Sua carreira voltou-se para as fotografias de eventos sociais, arquitetura, indústria, publicidade e jornalismo. Em arquitetura, registrou as obras inovadoras de Gregori Warchavchik, Lucjan Korngold, Oscar Niemeyer, Rino Levi e Oswaldo Bratke. Tais imagens apareceram em revistas especializadas como Acrópole e Habitat. A movimentação das camadas urbanas foi, assim, capturada pelo olhar testemunhal e consciente do artista. Também fez documentação fotográfica para as maiores indústrias de São Paulo e de outros estados. As grandes mudanças tecnológicas do período foram retratadas pela câmera do fotógrafo.

Em 1951, Scheier naturalizou-se brasileiro. Foi fotógrafo oficial da TV Record de 1958 a 1962 e também representante da agência Pix, dos Estados Unidos, o que lhe permitiu publicar reportagens no exterior. Scheier publicou alguns livros temáticos de fotografia ao longo da carreira. Paraná, Brasil (1953) comemorava o primeiro centenário do estado do Paraná; S. Paulo: Fastest Growning City in the World foi feito para o quarto centenário da cidade, em 1954; Brasília Vive! (1960), uma de suas melhores séries fotográficas, trazia imagens da inauguração da nova capital. Os monumentos arquitetônicos ganham menos destaque nessas fotos de Scheier – o que parece prender os olhos do fotógrafo são as figuras humanas que povoam a nova cidade. São pessoas passeando pelas ruas ainda mal formatadas do Núcleo Bandeirante, cheio de barracos que lembram muito mais a cenografia dos westerns americanos, bem como crianças indo e voltando da escola e fregueses de supermercados incipientes.

Suas fotos, que revelam um grande apuro formal, são testemunho vivo das grandes transformações pelas quais passou o Brasil, rumo à modernidade. O Instituto Moreira Salles possui cerca de 35 mil imagens do fotógrafo, a maioria negativos fotográficos de sua trajetória profissional no Brasil. O acervo inclui também um vasto conjunto de documentos – certificados, contratos, cadernos, cartões de visita, carimbos, portfólios, álbuns de família, livros, revistas e jornais – que, junto com as fotos, contam sobre a atuação diversificada em seu estúdio.

Scheier faleceu em 1979, em seu país de origem.

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