J. Carlos: originais
Apresentação
José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950), o J. Carlos, é autor de uma das mais poderosas crônicas visuais do Brasil na primeira metade do século XX. Sua ampla produção é apresentada na exposição J. Carlos – Originais, que o IMS Paulista inaugura dia 17 de setembro de 2019. A mostra, que foi exibida na sede carioca em 2017, reúne cerca de 300 itens, entre desenhos e publicações, selecionados pelos curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires.
J. Carlos produziu uma obra variada, que inclui caricaturas, charges, cartuns, alfabetos tipográficos, publicidade, enfim, todo o universo gráfico das primeiras revistas ilustradas do país. Estreou na imprensa em 1902, aos 18 anos, e trabalhou ininterruptamente pelos 48 anos seguintes. Acredita-se que tenha publicado mais de 50 mil desenhos. A mostra apresenta instantes decisivos dessa trajetória, em obras selecionadas entre os cerca de mil originais que integram a coleção Eduardo Augusto de Brito e Cunha, sob a guarda do IMS desde 2015. O acervo reunido pelo filho do artista também inclui coleções encadernadas das publicações em que J. Carlos atuou, como Careta, Para Todos..., Fon-Fon! e Almanaque do Tico-Tico.
Ao privilegiar os originais, muitas vezes anotados, a mostra pretende não apenas dar conta de alguns dos temas mais recorrentes do artista, mas também flagrar o processo de criação das ilustrações, da prancheta para as páginas. Segundo Paulo Roberto Pires, a seleção mostra o processo criativo de J. Carlos, revelando “um pouco como trabalha um artista gráfico. Ao visualizar os originais, o público pode acessar os bastidores da obra.”
A exposição está organizada em quatro seções. A primeira é dedicada ao J. Carlos artesão: nela estão letras, vinhetas, rascunhos e logotipos. Estão presentes, por exemplo, as capitulares, vinhetas e diagramações que o artista criava para acompanhar os textos literários nas revistas. “É um dos capítulos mais bonitos da exposição. Todo escritor publicava na imprensa da época, e ele fazia a roupa visual de tudo”, conta Cássio Loredano.
O Brasil é o centro do segundo núcleo temático, na crônica satírica da vida política brasileira, sobretudo dos governos Dutra e Vargas. O J. Carlos cronista também se ocupa do cotidiano do Rio de Janeiro, das cenas corriqueiras da cidade grande ao carnaval.
Na terceira seção, J. Carlos comenta alguns dos momentos cruciais da Segunda Guerra Mundial. Numa série de desenhos publicados na Careta, o artista caricatura os principais líderes mundiais e firma posição na luta internacional antifascista. O segmento final é dedicado ao J. Carlos menos conhecido, um diligente desenhista de histórias para crianças. Dos quadrinhos formalmente ousados, publicados semanalmente em O Tico-Tico, a Minha babá, livro que se tornou raridade, o artista mantém o virtuosismo que foi sua marca.
J. Carlos foi um dos primeiros representantes do modernismo no Brasil, em sua leitura original do art nouveau e do art déco. “Ele transcende o universo dos desenhistas, dos caricaturistas. Sua obra causa impacto até hoje, as pessoas reconhecem o traço, a estética de uma era específica, a belle époque, que ele conseguiu associar ao seu trabalho. Aqui ele foi único, original”, afirma Julia Kovensky.
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