Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia 2019
Revelado o projeto vencedor, escolhido por unanimidade
7.11.19
Com o projeto Fechar os olhos para ver: o banal insólito nas imagens e no pensamento fotográfico de Stefania Bril, a pesquisadora Alessandra Vannucci é a grande vencedora da segunda edição da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia.
Nascida na Itália, Alessandra é também dramaturga e diretora de teatro. Formada em Letras pela Universidade de Bolonha, fez mestrado em Teatro pela UNIRIO e Doutorado em Letras pela PUC-Rio. É professora de Linguagem Fotográfica e Direção Teatral na Escola de Comunicação da UFRJ. Como pesquisadora e ensaista, tem interesse especialmente nas ideias e na obra de artistas viajantes.
É autora, dentre outros livros, de Uma amizade revelada (Rio de Janeiro, 2004); Crítica da razão teatral (São Paulo, 2005); Un baritono ai tropici (Reggio Emilia, 2008) e A missão italiana (São Paulo, 2014). Desde 2012 coordena o Laboratório de Estética e Política da ECO-UFRJ, com apoio da FAPERJ. Desde 1993 ativista do Teatro do Oprimido – método elaborado e desenvolvido por Augusto Boal –, coordena projetos e propõe metodologias no âmbito da luta pela cidadania e da luta feminista.
O projeto vencedor foi escolhido por unanimidade por uma comissão formada por Ricardo Mendes, parecerista convidado, pesquisador de fotografia e coordenador do FotoPlus, site de referência em história da fotografia no Brasil; Flávio Pinheiro, superintendente do IMS; Sérgio Burgi, coordenador de fotografia do IMS; e Ileana Pradilla, responsável pelo núcleo de pesquisa em fotografia da mesma instituição.
Entre 5 de agosto e 4 de outubro de 2019, o programa de bolsas recebeu 46 projetos de seis estados – Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Paraíba –, enviados por 32 pesquisadoras mulheres e 14 homens. O eixo temático proposto foi "Stefania Bril. Fotografia como ação ampliada: prática, crítica e ativação do campo da fotografia 1970-1990".
Resumo do projeto vencedor
Nas séries de imagens nas quais organiza sua obra, a fotógrafa Stefania Bril recolhe objetos que adquirem sentidos metafóricos em paisagens urbanas desenhadas por sombras e reflexos de uma luz estourada. Um sol a pino, um sol do dia-a-dia tropical. O corpo paratextual da imagem (um título para a série ou mesmo para cada fotografia) sugere um olhar lúdico que convida o espectador a colher o detalhe insólito na imagem: alguma interferência irônica, surpreendente, aleatória, no banal cotidiano retratado. Um gesto vivo que se insinua, um resto de uso que aparece, uma disputa entre letra e figura ou a escapada ontológica de uma letra que se torna também figura, ao modo de Magritte.
Assim, uma vez esconjurada a banalidade daquela cena, o mistério do aparecimento de algo inesperado surge e estimula a vidência de quem olha. A presumida objetividade da imagem é desconcertada. O espectador vira caçador do que nela é latente, colecionador de pequenos sinais de “vida” no sentido da efetiva presença da artista e de seu objeto: aquele irredutível encontro entre corpos que somente a fotografia testemunha. Não por acaso, o título do primeiro livro da Stefania Bril é Entre (1974).
Esta pesquisa propõe algumas táticas de rejunte do tema do “banal insólito” da produção fotográfica da Stefania Bril com sua ampla produção teórica, de crítica e curadora. Emerge um plano coerente, até mesmo cristalino, na redação iluminada que qualifica a sua escrita, entre imagens (testemunhas, mesmo que parciais, de vida) e teorias da imagem (leituras, reflexões, observações sobre outros olhares); uma coerência que revela esforço, enquanto estrangeira, de compreender sua tarefa intelectual e artística no Brasil das décadas de 1970 e 1980, no qual atuava.
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