Marcelo Araujo substitui Flávio Pinheiro na direção do IMS
18.11.19
A partir de abril de 2020 Marcelo Araujo assumirá o posto de superintendente-executivo do Instituto Moreira Salles no lugar de Flávio Pinheiro, no cargo há mais de onze anos, que deixa a instituição em maio do próximo ano. Até março, Araújo cumprirá compromissos profissionais com a Japan House, instituição que dirige desde outubro de 2018. Com sua chegada completa-se uma transição na vida do IMS iniciada com a nomeação, em agosto de 2019, de João Fernandes, até então sub-diretor do Museu Reina Sofia de Madri, para o cargo de diretor artístico.
Marcelo Araujo e João Fernandes ficam em São Paulo, dividindo o tempo de trabalho com presenças constantes no Rio de Janeiro, onde se situa há 20 anos um importante centro cultural do IMS e onde estão localizados todos os seus acervos, e em Poços de Caldas, onde o Instituto nasceu em 1992.
Araújo e Fernandes adicionam muita competência, talento e experiência profissional ao IMS, e iniciam um ciclo bastante promissor na vida da instituição, na qual sempre há muito a fazer.
Num período relativamente curto o Instituto acumulou volumosos acervos de Fotografia, Música, Literatura e Iconografia. Nos primeiros tempos, com a direção de Antonio Fernando de Franceschi, que edificou as bases da instituição, recebeu acervos fotográficos tão relevantes quanto os de Marc Ferrez, José Medeiros, Marcel Gautherot, Maureen Bisilliat e Hans Gunther Flieg, entre outros. Além disso, editou Cadernos de Literatura Brasileira que marcaram época.
Mais adiante, na gestão de Pinheiro, registrou-se a chegada de acervos como os de Geraldo de Barros, Chichico Alkmin, Mario Cravo Neto, Walter Firmo e Fernando Lemos, até a recente aquisição de 98 imagens do alemão Albert Frisch feitas na Amazônia no século XIX. Expandiu-se enormemente a presença do fotojornalismo, com a aquisição dos acervos de fotografia dos jornais dos Diários Associados no Rio de Janeiro. Hoje o acervo de Fotografia tem 2,2 milhões de imagens e ainda deve crescer.
O IMS está presente em disciplinas diferentes, ainda que tantas vezes convergentes. Na Música, o Instituto é hoje detentor da maior coleção de discos de 78 rpm do país, com os primórdios de gravações de música popular brasileira. São mais de 50 mil discos. Isso sem falar nos arquivos de compositores seminais, como Ernesto Nazareth e Pixinguinha. A Literatura tem acervos de 27 escritores renomados, como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Carolina Maria de Jesus, Ana Cristina Cesar, Otto Lara Rezende, Erico Verissimo e tantos outros.
Um conjunto de parcerias com instituições públicas e privadas ampliou consideravelmente a difusão da cultura e da arte que estão a cargo do IMS. Com a Biblioteca Nacional foi criado o portal Brasiliana Fotográfica, que hoje conta com a adesão de outras importantes instituições. Mais adiante foi criado o portal Brasiliana Iconográfica em parceria com o Itaú Cultural, a Pinacoteca de São Paulo e a própria Biblioteca Nacional. Recentemente nasceu, como fruto da cooperação com a Fundação Casa de Rui Barbosa, o Portal da Crônica Brasileira, com uma antologia dos melhores cronistas do país.
A inauguração do IMS Paulista, em setembro de 2017, é um forte ponto de inflexão na presença do Instituto na vida cultural paulistana e brasileira. O novo centro cultural confirmou e ampliou o compromisso com um programa de exposições de clássicos da fotografia do Brasil e do mundo, e de expoentes das artes plásticas. Nesta presença cabe ressaltar o papel decisivo das revistas serrote, dedicada a ensaios, e ZUM, destinada à fotografia contemporânea, bem como o cuidado na programação das salas de cinema de São Paulo e do Rio de Janeiro. A Biblioteca de Fotografia em São Paulo e o cada vez mais amplo repertório de cursos expandem a propagação de conhecimento. E a Rádio Batuta, a rádio web do IMS, fortalece a difusão de boa música.
Marcelo Araujo tem larga e vitoriosa experiência como gestor de instituições culturais. Foi diretor do Museu Lasar Segall, da Pinacoteca de São Paulo, ocupou o cargo de Secretário de Cultura do Estado de São Paulo, presidiu o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e, finalmente, ocupou a direção da Japan House. É graduado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1978), pós-graduado em Museologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1983), e Doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é membro do Conselho Executivo da Fundação Bienal de São Paulo, onde ocupa o cargo de primeiro vice-presidente da diretoria executiva, e participa do Real Patronato do Museu Centro de Artes Reina Sofia, em Madri, onde estreitou relacionamento com João Fernandes, ex-sub-diretor da instituição espanhola e atual diretor artístico do IMS.
Como nas melhores obras inacabadas, o IMS se renova.