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Ensaios abertos

12 DE FEVEREIRO DE 2020 |

 

A terceira edição do Festival serrote, promovido desde 2018 pela revista de ensaios do Instituto Moreira Salles,vai reunir nos dias 13 e 14 de março, no cineteatro do IMS Paulista, uma seleção de escritores, jornalistas, pesquisadores e artistas em torno de debates e performances sobre política, cultura e sociedade. Terá, como sempre, entrada gratuita, distribuição de senhas ao público uma hora antes do início de cada evento da programação e lotação sujeita à capacidade do auditório: 145 lugares.

O festival abre em grande estilo às 20h de sexta-feira (13/3) com a já tradicional serrote ao vivo – espécie de espetáculo em que o formato da revista é transposto para o palco –, e prossegue no sábado (14/3) com três mesas de debates (15h, 17h e 19h). Confira a programação completa das sessões previstas.

"O evento deste ano está bem quente, com temas muito atuais, tanto na serrote ao vivo, tratando de questões de periferias, quanto nos debates sobre intolerância religiosa, ascensão da extrema direita e racismo estrutural”, diz o editor-assistente da revista, Guilherme Freitas. Ele faz a curadoria do evento junto com o editor da serrote, Paulo Roberto Pires.

A primeira mesa de sábado, às 15h, tem como tema "Contra a intolerância religiosa", e reúne o pastor evangélico progressista Henrique Vieira e o escritor e historiador Luiz Antonio Simas, estudioso das religiões africanas, com mediação da poeta e tradutora Stephanie Borges. Eles vão conversar sobre religião na política e perseguição a religiões de matriz africana, entre outros temas ligados a esse universo.

 

A jornalista Nikole Hannah-Jones, do NYT, e o filósofo Jason Stanley, da Yale University: atrações internacionais do Festival serrote. Fotos: divulgação

 

A mesa seguinte, às 17h, versa sobre política, com o tema "Fascismo e antifascismo", e traz o primeiro dos dois convidados estrangeiros do encontro: o americano Jason Stanley. Professor do Departamento de Filosofia de Yale e autor de Como funciona o fascismo (lançado no Brasil em 2018, pela L&PM), Stanley é um nome importante no debate sobre a ascensão da extrema direita no mundo. "Ele tem falado sobre Trump, sobre o que aconteceu nos Estados Unidos, mas já foi à Hungria, acompanha o caso da Índia, está pesquisando também o que acontece no Brasil em termos políticos", diz Guilherme. Jason Stanley terá no debate a companhia do sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S. Paulo, que escreveu com olhar crítico sobre a eleição presidencial de 2018 no Brasil e seu significado para o país. "Eles vão tratar desse avanço conservador no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo, tentando entender o que há em comum e o que é específico de cada caso", antecipa o curador.  A mesa será mediada pelo jornalista Fernando Barros e Silva.

Com o nome de "Histórias negras", a terceira mesa, às 19h, propõe uma discussão sobre racismo. Mediada pela jornalista Flávia Oliveira, a mesa reúne duas mulheres com grande peso nesse debate: a escritora mineira Ana Maria Gonçalves, autora de "Um defeito de cor" (2006, Record), romance já clássico sobre a escravidão no Brasil, e a jornalista americana Nikole Hannah-Jones, a segunda convidada internacional do evento. Repórter especial do New York Times e especializada em questões raciais, ela coordenou o Projeto 1619, uma impressionante edição especial da revista de domingo do jornal americano, sobre os 400 anos do início da escravidão no país. O título faz referência ao ano da chegada dos primeiros africanos escravizados aos Estados Unidos.

"O argumento principal da jornalista é como a luta dos americanos negros por direitos transformou os Estados Unidos numa democracia de verdade. Não foi a independência feita pelos brancos em 1776. Isso está dando a maior repercussão desde o ano passado lá, foi citado no julgamento do impeachment do Trump. E vem sendo adotado nas escolas, é uma coisa gigante", diz Guilherme.

Tanto Nikole Hannah-Jones como Jason Stanley participam da edição 34 da serrote, que será lançada durante do festival. Da jornalista, será publicado o texto que abre o Projeto 1619. Do filósofo, um ensaio sobre como a política fascista opera pela lógica de transformar todo mundo em amigo ou inimigo, sem meio termo.

Na sexta-feira, abrindo o festival, acontece a serrote ao vivo, uma edição da revista pensada para o palco, com leituras, música, performances e artes visuais.Durante uma hora e meia, a banda instrumental Hurtmold sonorizará leituras e performances. A estrutura é a mesma da revista. Como a folha de rosto da publicação sempre tem uma ilustração comum serrote, isto é representado no evento. Na primeira edição, por exemplo, o artista visual Guto Lacaz serrou a representação de uma figura feminina ao meio.

Neste ano, cinco convidados farão leituras/apresentações/performances, de 15 minutos cada, como se fossem ensaios da revista, mas acompanhadas de música e projeção. Luiz Antonio Simas, por exemplo, vai falar sobre o tambor na cultura brasileira; o artista brasiliense Antonio Obá, autor de Atos da transfiguração (2015), em que rala uma imagem em gesso de Nossa Senhora, fará uma performance inédita. Stephanie Borges vai falar da sua experiência de autodescoberta traduzindo feministas negras e cuidando do cabelo; e Juliana Borges, escritora e pesquisadora em estudos da violência, vai discorrer sobre o que significa viver na periferia de São Paulo no atual momento do Brasil. O próprio Guilherme apresentará um ensaio, com o artista visual Rony Maltz, editor-assistente da revista ZUM, sobre a Vila Autódromo, comunidade na Zona Oeste do Rio removida antes da realização das Olimpíadas na cidade, em 2016.


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