Amante da música e da vida
- Equipe IMS, 3/12/20
Zuza, nascido José Eduardo Homem de Mello em 1933, em São Paulo, foi mais coisas do que o seu curto apelido parece capaz de abrigar: radialista, jornalista, crítico, colecionador de discos e histórias, historiador da música brasileira e do jazz, contrabaixista quando jovem e vale aqui um etc. Foi, sobretudo, um apaixonado por música. Essa paixão ele decidiu compartilhar com o Instituto Moreira Salles.
O acordo entre Zuza e o IMS previu a digitalização de parte da coleção de LPs e um programa de rádio em formato a ser definido. Mais de mil discos foram digitalizados, um trabalho que contou com a participação fundamental do jornalista Lucas Nobile, responsável por toda a catalogação. Em 2021, esse material começará a ficar disponível na Rádio Batuta, a rádio do IMS.
O programa acabou se chamando Playlist do Zuza, por sugestão de sua mulher, a produtora Ercília Lobo. E também foi ela quem avisou que Zuza não queria realizar algo episódico, mas semanal, como fez com muito sucesso nas décadas de 1970 e 1980, em São Paulo.
Em 24 de março de 2017, entrou no site da Batuta o primeiro Playlist do Zuza. Foram 157 edições até 20 de março de 2020, quando a pandemia forçou a interrupção. Em todas as semanas desses três anos houve programa. As gravações aconteceram sempre na Rádio USP, parceira no projeto. Às 17h05 das sextas-feiras, ia ao ar na emissora paulista. Também foi reproduzido pela Rádio MEC FM, do Rio de Janeiro.
Para além do que pode ser traduzido em números, Zuza criou com o IMS laços de afeto. Com o objetivo de homenageá-lo e expressar nossa gratidão, produzimos um vídeo com depoimentos de Maria Bethânia, Ney Matogrosso, João Bosco e outros. Em 22 minutos, registra-se um pouco da importância de Zuza para os que trabalharam e conviveram com ele.
Como diz Ercília Lobo, ele morreu cedo, embora aos 87 anos. Ainda queria fazer muitas coisas. Seu coração parou em 4 de outubro passado, em casa. Dias antes, telefonara para dizer que voltaria a gravar o Playlist no estúdio da USP. Estava, como de hábito, animado. Sua alegria de viver é uma lembrança que ficará.