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Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia anuncia vencedora

18 de dezembro DE 2020 |
 Nathália Schneider (no detalhe), vencedora da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia 2020, sobre foto de Marcel Gautherot (Tambor de Criola, Curupuru, Maranhão, 1955. Acervo IMS) 

 

Gaúcha de Santa Maria, atualmente residente em São Paulo, a fotógrafa Nathália Schneider é a vencedora da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia 2020. Nathália concorreu com outros 44 proponentes, de nove estados do Brasil, e ganhará R$ 30 mil para desenvolver seu projeto junto ao acervo do Instituto Moreira Salles, ao longo de 12 meses, com início em fevereiro de 2021. 

A edição 2020 da bolsa tem por eixo temático os diálogos entre a fotografia e a cultura imaterial, nas obras de Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot. Nathália, que é mestre em Antropologia (UFF) e atuou por cinco anos com a rede de comunicação Mídia Ninja, destacou-se com um projeto em que propõe produzir uma análise crítica sobre as obras de Bisilliat e Gautherot a partir de uma "perspectiva antropológica corporificada"."Tendo em vista que ambos os artistas são brancos e europeus e fotografam, principalmente, cenas protagonizadas por populações negras e indígenas nos territórios brasileiros, o projeto posicionará no centro da análise as relações raciais e coloniais", indica ela em seu projeto. 

A bolsa foi criada, em 2018, para estimular pesquisadores externos a investigarem o acervo do IMS. "O instituto sempre teve pesquisadores no acervo, mas eles normalmente o utilizam como um banco de imagens, para aspectos específicos de seus próprios projetos", diz Ileana Pradilla, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Fotografia do IMS. "A bolsa foi uma forma de estimular os pesquisadores a trabalhar dentro dos acervos do IMS."

Além de Ileana, participaram da banca de pareceristas Janaina Damaceno, professora adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ) e doutora em Antropologia Social; João Fernandes, diretor artístico do IMS; e Sergio Burgi, coordenador e curador da área de fotografia do IMS.

Nesta terceira edição, o número de projetos se mantém o mesmo dos anos anteriores (45 em 2018, 46 em 2019), mas Ileana nota que a qualificação dos proponentes vem aumentando, com mais doutores disputando a vaga – o título de mestre é um dos requisitos para se candidatar à bolsa. A distribuição geográfica também se ampliou. Até o ano passado, era exigida que a pesquisa no acervo fosse feita presencialmente, o que limitava a candidatura de residentes de fora do Rio. 

Este ano, devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, e, sobretudo, buscando tornar a bolsa mais acessível a pesquisadores de todo o Brasil, o trabalho de pesquisa poderá ser desenvolvido de forma remota. "Mas consideramos o contato com as obras super importante, e por isso, a partir desta edição, vamos pagar passagem, estadia e uma ajuda de custo para a pessoa ficar dez dias no Rio, caso ela não seja residente na cidade", diz  Ileana. Em 2021, esta possibilidade só se realizará se as condições sanitárias permitirem.