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Retratos de Limercy Forlin: um recorte na história de Poços de Caldas


Cronologia

Nascido no interior de São Paulo, Limercy Forlin (1921-1986) chegou em 1945 a Poços de Caldas, então uma cidade que mudava de cara. Com o irmão, João, inaugurou no mesmo ano o estúdio Foto Limercy, estabelecimento de fotografia comercial se tornaria parte da história da cidade, documentando moradores e eventos com esmero ao longo de muitas décadas. Limercy foi também professor de música e idealizou o Conservatório Musical de Poços de Caldas. O estúdio encerrrou as atividades em 2016, trinta anos após o falecimento de seu fundador, vítima de câncer de pulmão.


1896-1920

Vargem Grande do Sul (SP) ainda era Sant’Ana de Vargem Grande, vilarejo de duas ruas encravado no cerrado adjunto à serra da Paulista, quando, em 1896, recebeu a família de imigrantes italianos de Florinda e Gerolamo Forlin. Assim como tantos outros imigrantes, os dois se estabeleceram inicialmente como lavradores nas culturas de café recém-implantadas nas fazendas da região, nos contrafortes da serra. Assim que o casal conseguiu uma melhor condição de renda, abriu uma cantina em Sant’Ana, o que possibilitou que os filhos tivessem melhor acesso à educação formal.

Um deles, Virgílio Forlin, tinha especial interesse por fotografia e, auxiliado pelos conhecimentos do fotógrafo Olívio Pazzetto, de Santa Cruz das Palmeiras (SP), estabeleceu-se como o primeiro “retratista” de Vargem Grande do Sul, em 1908. Em 1916, Virgilio se casa com a filha de imigrantes italianos Conchetta Buzatto, com quem teve nove filhos.


1921-1944

Em 1921 nasce Limercy Forlin, que, juntamente com o irmão João, foi iniciado pelo pai Virgílio na arte da fotografia. Desde criança, Limercy mostrou grande interesse e facilidade com a música, tocando bandolim e violino desde os 7 anos. Completou seu curso secundário no Ginásio de Espírito Santo do Pinhal, em uma cidade próxima, ao que tudo indica como aluno interno da instituição.

Ao voltar a Vargem Grande do Sul, trabalhou com o pai, consolidando seus conhecimentos em fotografia e, paralelamente, participou de vários grupos musicais e bandas de jazz, conforme atestam fotografias desse período. A vizinha Poços de Caldas vivia, no começo dos anos 1940, seus dias de glória como estância termal e sede de renomados cassinos, que atraíam milhares de visitantes anualmente.


1945-1986

Limercy Forlin deixou a pacata Vargem Grande do Sul em 1945 com destino à cidade mineira, onde, acompanhado do irmão João Forlin, abriu o estúdio de Fotografia Foto Limercy, especializado em fotografias de estúdio e documentação de eventos.

A vida da Poços de Caldas foi profundamente afetada pela proibição do jogo no Brasil, seguido por um período em que banhos termais perderam seu lugar terapêutico para as novas descobertas da medicina, principalmente a penicilina. Limercy Forlin manteve seu estúdio com o irmão e dois auxiliares, adaptando-se, assim como a cidade, à realidade de um novo tempo. As fotografias passaram a ser mais documentais (casamentos, festas, eventos políticos) e também para fins de identificação.

Em 1952 Limercy e seu irmão João se formaram em música pelo Conservatório de Canto Orfeônico Maestro Julião, pertencente à Pontifícia Universidade Católica de Campinas. No mesmo ano, Limercy especializou-se em violino pelo Instituto Musical Dr. Gomes Cardim, de Jundiaí.

No final de 1953, Limercy foi procurado pela estudante Zizi de Navarro Vieira, que terminara o curso de magistratura e precisava de um fotógrafo que registrasse a formatura de sua turma. Esse encontro propiciou um namoro, que um ano depois daria em casamento.

Limercy casou-se com Zizi em 28 de dezembro de 1954. Após o casamento, Zizi Forlin começou a trabalhar com o marido, principalmente na organização do estúdio e de sua contabilidade. Aprendeu a fotografar com Limercy, substituindo- o ocasionalmente, assim como a retocar negativos com um lápis de grafite macio, eliminando sinais e manchas indesejados, o que melhorava a aparência do fotografado.

Praticamente todos os negativos em preto e branco foram retocados por ela antes de revelados, numa ação precursora das ferramentas digitais contemporâneas. Também eram feitas eventuais fotopinturas, especialidade de Limercy, que teve seu momento de pintor. Tanta dedicação da esposa ao bom funcionamento do estúdio de fotografia permitiu que Limercy Forlin se envolvesse em diversos outros projetos ao longo de sua vida.

Limercy trabalhou como professor de música nos colégios da cidade e em 1959 idealizou as bases do Conservatório Musical de Poços de Caldas, concluído em 1963, onde atuou como diretor e professor. Como presidente interino da Associação Sul-Mineira de Imprensa, lançou em 1969 o projeto de criação do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, que se concretizou em 1972 com um acervo memorialista da cidade.

Como presidente do Rotary Clube e ciente da crise de mão de obra especializada enfrentada pelas indústrias implantadas na cidade, atuou na criação de uma unidade do Senai na cidade. Todas essas entidades continuam atuantes até os dias de hoje. Além disso, o casal teve grande participação na criação de eventos beneficentes, como bailes e festas, para entidades de assistência locais.

Limercy Forlin faleceu em 12 de julho de 1986, em decorrência de um câncer no pulmão, deixando a esposa e três filhos. A família deu continuidade ao estúdio sob a direção de Márcia Forlin até 2016, quando suas atividades foram encerradas.

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