No dia 18 de outubro de 1944 – há 78 anos, portanto – nascia Nelson Freire na cidade mineira de Boa Esperança. O talento pianístico, revelado desde os três anos, fez com que a família decidisse mudar-se para o Rio de Janeiro em 1950, proporcionando ao menino o convívio com os melhores mestres do país e com um ambiente no qual seu imenso potencial pôde desenvolver-se plenamente.
Nelson faleceu em novembro do ano passado, deixando um vazio com o qual todos aqueles que o amavam e admiravam ainda tentam lidar. Sua biografia e a extraordinária carreira que construiu são bem conhecidas, assim como as muitas gravações que felizmente deixou.
O que poucos sabem é que, ainda em Boa Esperança, aos cinco anos, Nelson costumava compor, criando músicas livremente inspiradas num repertório adulto, provavelmente apreendido "de ouvido" a partir dos estudos de sua irmã Nelma, de gravações em disco ou de transmissões radiofônicas.
Quando chegaram ao Rio de Janeiro, em 1950, uma das providências tomadas foi registrar essas composições em estúdio – pelo próprio autor, claro, a esta altura já com seis anos – em um disco de acetato girando à velocidade de 78 rotações por minuto, como se fazia na época. Este disco foi conservado com carinho por Nelson desde então, e gentilmente cedido ao IMS por sua família, para ser digitalizado e disponibilizado à audição.
São quatro músicas – Brinquedo de criança, Noturno nº 1, Saudade de Boa Esperança (valsa) e Dentinho de ouro (bolero), que possivelmente terão maior relevância do ponto de vista afetivo do que propriamente musical. Mas, sem dúvida, registram o estado de encantamento de um menino que viria a se tornar um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos.
A digitalização das faixas foi feita por Elias Leite e a restauração de áudio por Otacílio de Azevedo Neto. Veja abaixo o vídeo editado por Laura Liuzzi, que mostra um pouco desse processo: