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Flieg. Tudo que é sólido


Arquitetura industrial

Hans Gunter Flieg documentou instalações fabris e prédios projetados por importantes arquitetos, como a Fábrica Duchen, construída na rodovia Presidente Dutra, de autoria de Oscar Niemeyer, projeto que obteve o primeiro prêmio na categoria de construção industrial na i Bienal de São Paulo, em 1951. Único projeto de estabelecimento fabril executado por Niemeyer, esta obra de arquitetura inovadora foi demolida em 1990, apesar do processo de tombamento, todavia não homologado, conduzido pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).

Flieg também fotografou o então novo prédio administrativo da Pirelli, de projeto e execução da construtora Warchavchik-Neumann Ltda., inaugurado em 1961 para abrigar a sede brasileira da empresa, situada na rua Barão de Piracicaba, esquina com a alameda Ribeiro da Silva. Trata-se de um projeto moderno, que contou com a participação de Gregori Warchavchik, arquiteto modernista e também fotógrafo associado ao circuito da fotografia moderna no Brasil, cujo acervo igualmente se encontra preservado no IMS.

Para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Flieg fotografou os trabalhos de instalação da cobertura do estádio esportivo do Ibirapuera, projeto do arquiteto Icaro de Castro Mello, figura que ocupa uma posição singular na história da arquitetura moderna brasileira por ser um raro exemplo de profissional que se concentrou numa temática específica: o esporte. Autor de uma centena de edifícios esportivos no Brasil e na América Latina, Castro Mello desenvolveu o projeto do ginásio do Ibirapuera para as comemorações do IV Centenário da Fundação de São Paulo em 1954.

Aos registros de arquitetura industrial de Flieg, somam-se diversos outros trabalhos comissionados que realizou no campo da fotografia de arquitetura, em especial, aqueles associados à crescente verticalização de São Paulo nos anos 1940 e 1950. Flieg registrou tanto novas sedes de indústrias e empresas no centro da cidade como diversos lançamentos imobiliários voltados para uma nova proposta de moradia urbana baseada em edifícios de apartamentos de pequena metragem. Estes faziam parte de um verdadeiro processo de industrialização e fabricação de um novo habitar urbano, verticalizado e compacto. Nesse momento, milhares de novas unidades residenciais seriam mobiliadas e equipadas por uma nova indústria de bens de consumo, que incluía eletrodomésticos, louças, cristais, cutelaria, além das recém-lançadas linhas de mobiliários compactos e industrializados feitos de materiais inovadores, como as chapas de compensado prensado e os novos laminados industriais de revestimento e acabamento.

É, portanto, a partir destes registros produzidos por Flieg de uma nova arquitetura industrial em São Paulo que ingressamos em sua extensa documentação, rigorosa e intensa como sempre, de instalações industriais, espaços fabris, maquinários e equipamentos, mas também de produtos e objetos de consumo de massa produzidos por aquela intensa industrialização, que, por meio da publicidade, propaganda e renovados ciclos de consumo, transformou todo o processo social, econômico e político do país nas últimas sete décadas.

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