Madalena Schwartz: As metamorfoses
Biografia de Madalena Schwartz
Áudio com a leitura do texto
Magdolna Mandel nasce em 9 de outubro de 1921, em Budapeste, Hungria, filha de Rózsa Fisch e Jenö Mandel. A mãe falece jovem, em 1927, aos 28 anos. Madalena e o irmão menor, Pál, vivem por alguns anos na cidadezinha de Kecskemét com os avós, judeus religiosos; os dois avós terminariam mortos no Holocausto. O pai torna a se casar (com Olga Löwy) e parte rumo à Argentina, para onde, alguns anos mais tarde, leva os filhos. Magdolna e Pá (doravante Madalena e Pablo) chegam a Buenos Aires em 14 de abril de 1935. Cinco anos mais tarde, em 1940, a jovem se casa com Ernesto Schwartz (1909-1973), também de origem judia e húngara, com quem teria dois filhos: Julio (1942) e Jorge (1944). O novo casal vive em Buenos Aires e em Posadas, mas afinal decide tentar a sorte em São Paulo: em 24 de abril de 1960, Madalena e os filhos embarcam no Osaka Maru e chegam ao porto de Santos três dias depois; Ernesto se reuniria a eles pouco depois. Em São Paulo, o casal Schwartz compra e administra um negócio, a Lavanderia e Tinturaria Irupê, na rua Nestor Pestana – e mora em diversos endereços nas proximidades, até finalmente se instalar no edifício Copan.
Em 1966, o filho mais velho ganha uma câmera fotográfica no programa televisivo Bibi 66, gravado no teatro Cultura Artística. O aparelho desperta a curiosidade de Madalena, que no mesmo ano se inscreve em cursos de formação no Foto Cine Clube Bandeirante (então na rua Avanhandava, a poucos minutos da lavanderia familiar), onde se liga a nomes como Eduardo Salvatore, Tuffy Kanji e Thomaz Farkas. Começa assim – “por acaso”, nas palavras da própria Madalena – uma vida que inicialmente se alterna entre a casa e a lavanderia, de um lado, e a paixão fotográfica, de outro. Vivendo e trabalhando no centro de São Paulo, Madalena começa a retratar personagens da cena cultural a seu redor, muitas vezes utilizando o próprio apartamento como estúdio improvisado; frequenta teatros para aperfeiçoar a técnica do chiaroscuro; e começa a colaborar como freelance com diversos jornais e revistas.
Ao longo dos anos 70 e 80, o trabalho para a imprensa levaria Madalena a viajar pelo Brasil e mesmo pelo exterior – em 1975, por exemplo, fotografa Clarice Lispector em Bogotá, durante o Congresso Mundial de Bruxaria. Em 1974, realiza no Masp, a convite do diretor Pietro Maria Bardi, sua primeira exposição individual, na qual inclui diversos retratos de travestis e transformistas; no ano seguinte, faria outra exposição no mesmo museu, 24 pintores brasileiros e suas obras. Ao longo da carreira, Madalena exporia ainda na Galeria Fotoptica, na Bienal, na Pinacoteca e no Museu da Imagem e do Som. Entre suas exposições, vale mencionar O rosto brasileiro, realizada pelo Masp em 1983, um ano após ter sido censurada e cancelada em Washington, por ingerência do embaixador brasileiro. Sempre fiel a seu gênero de predileção – a ponto de ser chamada a “grande dama do retrato em nosso país” por Pedro Karp Vasquez –, Madalena fotografa profissionalmente por duas décadas. Nos últimos anos de vida, mais recolhida, dedica-se à escultura. Falece em São Paulo em 25 de março de 1993. Seu acervo passa a integrar a coleção do IMS em 1998.