Os dias com ele
“Há dois protagonistas que vivem papéis duplos: a filha-cineasta e o pai-personagem. Se a relação cineasta-personagem já é, em qualquer documentário, complexa e permeada de tensões e dilemas éticos, a relação parental vai acrescentar graus ainda maiores de complexidade à obra” — observa Carla Maia sobre Os dias com ele de Maria Clara Escobar. A aproximação da filha ao pai, continua, “não se dá com precisão e segurança, mas de maneira vacilante, incerta, ao modo da tentativa e erro. Talvez venha daí a escolha de manter, em boa parte das entrevistas, os momentos que antecedem o bater da claquete – ajustar o enquadramento, colocar o microfone, testar o som. Sempre em preparação, nem pai nem filha parecem prontos para o encontro agenciado pelo filme.”
Duas viagens a Portugal, a primeira de quatro meses, a segunda de dois meses, “e um método mais automático do que resultado de uma reflexão” – observa Maria Clara –, “ele usando a construção das palavras e eu, o aparato da câmera. Ele repetindo um método de construir e eu, um de desconstruir. O que retrata e o retratado. O que olha e o que é visto. E, por que não, dentro dessa mesma lógica de relação de poderes negociados e apropriação de sua matéria, o que é pai e a que é filha. Repetimos muitas vezes este procedimento; e de maneira estranha, através da repetição, íamos nos aproximando e conhecendo pouco a pouco as armadilhas de cada um e talvez as armadilhas em que cada um estivesse preso.”
- Ano: 2013
- Duração: 105 min.
- Idioma: Português
- Formato de tela: 16:9
- Cor: Colorido
- Legendas: Espanhol, Inglês
- Classificação indicativa: 12 anos
- País: Brasil
- Informações adicionais / Extras:
"Fragmentos de uma conversa sobre Marxismo", depoimento não incluído na montagem final de Os dias com ele, de Maria Clara Escobar. [Brasil, 2015. 25 min. aprox.] Livreto "Duas notas sobre Os dias com ele" com depoimento da realizadora e introdução crítica de Carla Maia.
Maria Clara Escobar
Photo: Os grandes Movimentos fotográficos
Fotografia: “obedece a impulso, não a um planejamento” – diz Manuel Álvarez Bravo. “Não planejo. Não penso. Não trabalho com a cabeça, mas com os olhos. Puro instinto.” André Kertész concorda: “Quando encontro um tema que me interessa, simplesmente deixo a objetiva registrar. Veja o repórter e o fotógrafo amador! Ambos têm apenas um objetivo: gravar uma memória ou um documento. Fotografia é isso.” Esta série de documentários revela os segredos que marcaram a história da arte fotográfica do seu início até os dias atuais.
Nos quatro filmes deste volume: Man Ray, Dora Maar, Manuel Álvarez Bravo, André Kertész, Brassaï e a fotografia surrealista da década de 1930: A fotografia surrealista (La photographie surréaliste), de Stan Neumann. Bernd e Hilla Becher, Andreas Gursky, Candida Höfer, Petra Wunderlich, Thomas Struth, Thomas Ruff e a Escola de Düsseldorf nas décadas de 1960 e 1970: A nova objetividade alemã (La nouvelle objectivité allemande), de Stan Neumann. Félix Nadar, Le Gray, Baldus, Robinson, Rejlander e Fenton, que na metade do século XIX começaram a explorar as possibilidades criativas da imagem fotográfica: Os pioneiros (Les primitifs de la photographie), de Stan Neumann. Jeff Wall, Bernard Faucon, Cindy Sherman, David Levinthal, Ralph Eugene Meatyard, Mac Adams e a staged photography da América do Norte na década de 1960: A fotografia encenada (La photographie mise en scène), de Alain Nahum.
- Título Original: Les grands courants photographiques
- Ano: 2011
- Duração: 104 min. aprox.
- Idioma: Francês
- Formato de tela: 16:9
- Cor: Colorido
- Legenda: Português
- Classificação indicativa: 12 anos
- País: França
- Informações adicionais / Extras:
Livreto "O teatro das evidências", com ensaio de Mauricio Lissovsky. Uma série de documentários proposta por Luciano Rigolini. Concepção: Stan Neumann. Consultoria: Quentin Bajac. Produção: Camera Lucida, Arte France, Centre Pompidou, Musée d’Orsay e Bibliothèque nationale de France.
Alain Nahum
Stan Neumann
Poema Sujo
Escrito em Buenos Aires entre maio e outubro de 1975, Poema sujo chegou ao Brasil no mesmo ano, gravado em uma fita cassete trazida por Vinicius de Moraes, que se encontrou com Ferreira Gullar na Argentina. Em tempos de ditadura militar em muitos países da América Latina, seria muito arriscado desembarcar com um poema redigido em papel, daí a ideia de gravá-lo em fita cassete, na voz do próprio Gullar. A fita não chamou atenção na alfândega e em pouco tempo, já transcritos, os versos de Gullar correram a cidade do Rio de Janeiro e, ao longo dos anos, tornaram-se um clássico da literatura brasileira. A ideia de regravar o poema partiu de Antonio Fernando de Franceschi, poeta e então diretor do Instituto Moreira Salles, em 2005, quando os versos completaram 30 anos.
- Ano: 2005
- Idioma: Português
- Formato de tela: 4:3 letterboxing
- Cor: Colorido
- Legenda: Não possui
- Classificação indicativa: 12 anos
- País: Brasil
- Informações adicionais / Extras:
Entrevista concedida por Ferreira Gullar a Antonio Fernando de Franceschi, na qual o poeta descreve o contexto em que produziu a obra. Encarte com textos de Paulo Mendes Campos e Vinicius de Moraes. Fotografia de Walter Carvalho.
João Moreira Salles
Shoah
Shoah é um documentário dirigido pelo francês Claude Lanzmann sobre o extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O filme é inteiramente feito com depoimentos de sobreviventes de Chelmno, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia e de entrevistas com ex-oficiais nazistas e maquinistas que conduziam os trens da morte. São depoimentos registrados com a colaboração de três intérpretes — Barbara Janicka, Francine Kaufman e a senhora Apfelbaum — presentes na filmagem para a tradução simultânea das falas em línguas que o realizador não dominava. O resultado dessas conversas provocadas pela câmera é um retrato terrível do genocídio nazista. Lanzmann levou mais de uma década para fazer o documentário. A caixa com o filme é composta por cinco DVDs e um livreto. Por conta de sua duração, Shoah é dividido em quatro discos: primeira parte da Primeira época, segunda parte da Primeira época, primeira parte da Segunda época e segunda parte da Segunda época. O quinto DVD traz o extra O relatório Karski, produzido por Lanzmann para a televisão francesa em março de 2010, quando o diretor retornou ao longo testemunho (cerca de oito horas) que o então mensageiro do governo polonês no exílio, Jan Karski, concedeu em 1978 para Shoah. Lanzmann extraiu novas informações e montou outro documentário. O livreto traz o ensaio “A transformação estética da imagem do inimaginável”, da professora de Estudos de Cinema na Freie Universität de Berlim, Gertrude Koch. Traz também uma breve apresentação de Lanzmann e um depoimento de Jan Karski sobre o documentário, publicado em novembro de 1985 na revista polonesa Kultura.
- Ano: 1985
- Duração: 543 min. aprox.
- Idiomas: Alemão, Francês, Hebraico, Iídiche, Inglês, Polonês
- Formato de tela: 4:3
- Cor: Colorido
- Legenda: Português
- Classificação indicativa: 14 anos
- País: França
- Informações adicionais / Extras:
O relatório Karski [França, 2010. 49 min.] Livreto "A transformação estética da imagem do inimaginável", ensaio de Gertrude Koch.