Brisa Flow (SP)
Filha de imigrantes chilenos, com sangue da etnia Mapuche nas veias, Brisa Flow é cantora, musicista, compositora, poeta, performer, produtora musical e ativista. Um dos principais expoentes do futurismo indígena no Brasil, mistura, em seu som, a levada latina com rap, eletrônico e neo/soul.
(Foto de Ana Clara Schuller)
Na língua nativa do povo mapuche, Kuyen significa Lua. Hijas de Kuyen são as mulheres, filhas da lua. Na cultura Mapuche, a Lua e o Sol são apaixonados e procuram um pelo outro durante o dia. O dia atravessando a noite, a noite atravessando o dia. A longa espera pelo ciclo. Assim baila o mundo na espera, como o Kultrun, instrumento que representa a Terra em seu desenho. Procurando pelo sol é como tenho me sentido. Se faz mais do que necessário nestes tempos ouvir e aprender com os ancestrais dos povos latino-americanos, que sobreviveram a várias pandemias, os guardiões da floresta.
Hija de Kuyen procurando o Sol
(Brisa Flow)
Baila baila el Kultrun
baila el Kultrun
Aprender com os povos que sobreviveram pandemias
O dia atravessando a noite
A noite atravessando o dia
Tenho lido Krenak
Ideias pra adiar o fim do mundo
com você
Adormeço profundo
mirando la Luna
será que você a vê?
será que você a vê?
Hija de Kuyen
acordo procurando o sol
será que ele vem?
sera que ele veio?
tocar os meus seios
Viajando pelo espaço
somos tão pequenos
mas não tão pequenos
a ponto de que o medo
paralise o movimento
Viajando pelo tempo
a vida é um acaso
doce amargo
mas não centralizado em nós
o sonho de nossos avós
pulsação de veias e rios
parte do mundo
a sós
respirando fundo
seu autorretrato é feito de água
não de máquinas
é feito de água
como os meus sonhos
onde te encontro
maré vai
maré vem
pulsação
transformação
é feito de água
Hija de Kuyen
acordo procurando o sol
será que ele vem?
será que ele veio?
Baila baila el Kultrun
Publicado em 30/4/20
Projeto realizado a convite da área de Música e acompanhado por Bia Paes Leme, Juliano Gentile e Luiz Fernando Vianna, da equipe do IMS