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Contraste

Resistência

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Vista de região central da cidade. São Paulo, SP, Brasil, Centro, circa 1862.
Foto de Militão Augusto de Azevedo / Arquivo IMS.
Retrato de homem idoso recostado em grade metálica da rua São João. São Paulo, SP, Brasil, circa 1910. Foto de Vincenzo Pastore / Acervo IMS.
Os dois homens estão sentados e aparecem de perfil. Estão de terno e chapéu. O banco é visto por trás e tem uma propaganda de "Calçado Clark" no encosto.Homens conversando em banco de praça, circa 1910. São Paulo, SP. Foto de Vincenzo Pastore / Acervo IMS
Retrato de mulher com criança no colo. São Paulo, SP, Brasil, circa 1910. Foto de Vincenzo Pastore / Acervo IMS.

Hahaha... Sempre souberam que não podiam nos parar, tentaram apagar nossos passos, nossa pele, nossa cultura e nossa memória. Não perceberam que esse era um caminho sem glória, não viram os detalhes no curso da história.

Até provaram o gosto da vitória, mas com o rumo que tomaram era fato que viria a decadência, pois não se atentaram que na sua opressão crescia nossa resistência, e não é só aparência, agora eles tem que ouvir nossa voz, grito por nossos netos e pelos nossos avós, e por todos que vêm antes ou depois de nós.

O maior crime contra a humanidade foi cometido, a quase 400 anos de trabalhos forçados fomos submetidos e a punição para esse crime só a vítima tem sentido em todos os sentidos.

Do centro de um dos maiores aglomerados urbanos do mundo, o mando é do capital, o jogo é imundo sem igual. Maldito mito da democracia racial, bebendo da fonte da casa grande, enquanto os nossos, nos campos ou nas cidades, vivendo uma rotina infernal, mas ainda assim... resistimos, existimos tão fortes quanto o samba, a capoeira ou nossos orixás. Lutamos com rap e celebramos com funk, os tambores ainda são tocados por nós.

Conhecer a história é importante, lembrar do crime cometido e de todos que têm resistido desde antes.

Francisco José das Chagas, soldado revoltado, revolucionário, resistiu contra os representantes divinos de sua época, sua execução virou história épica ao clamar por liberdade, o povo viu que na mente dos senhores só existia maldade. Liberdade liberdade, não só para um homem e sim para um povo, gritou forte, nas grandes cortes o grande Luís Gama, com gana Dona Maria Punga, grande mulher, dona de seu próprio café, no Centro, bem perto da Sé.

Que esses nomes resgatem a fé em nós, saber que não estamos sós, ninguém pode nos definir, muito menos esse sistema que quer nos destruir, temos que resistir, resistir e assim como nossos corpos, nossa cultura e memórias vão permanecer aqui. Somos tudo, sem a gente eles poderiam nem existir.

 

Este texto foi escrito por Pedro Alves, narrado por Felipe/Bobina/Mestre Bo (você que escolhe), trilha sonora de Rafael Pinho e edição de Julia Lucia de Oliveira, e faz parte do projeto Um novo olhar, sobre uma narrativa ancestral.

Publicado em 10/11/20

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