Slam das Minas RJ
Slam das Minas RJ é um coletivo artístico que organiza uma batalha lúdico poética itinerante no estado do Rio de Janeiro, dando visibilidade a mulheres [héteras, lésbicas, bis, ou trans], pessoas queer, agender, não bináries e homens trans. Formado pelas poetas Andrea Bak, Moto Tai, Genesis, Tom Grito e Rainha do Verso, e ainda Débora Ambrósia (produção), Lian Tai (vídeos) e DJ Bieta (sonorização).
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Luna Vitrolira
não aponte minha cor
não ria do meu cabelo
não me chame de mulata
não sou parda
bronzeada
exótica
mestiça
morena escura
nem morena clara
sou mulher negra
irmã guerreira de dandara
de trança de black de dread
lisa ou cacheda
sou senhora do corpo
da minha vida
do meu lugar de fala
abre alas
que trago na pela palmares
a beleza de meus ancestrais
trago no peito a voz da memória
do canto dos canaviais
trago no corpo a nossa versão da história
que nunca foi contata
abre alas
que sou mulher negra
e andarei por onde quiser
por sou livre e não serei mais
violentada
silenciada
invisibilizada
Ser mulher negra
é ter força luz
é o meu poder
não minha sentença
ser mulher ser negra e ser respeitada
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apanhei por ser gorda
menina preta e pobre
cresci ansiando pelo dia
em que minha pele aos poucos
começaria a clarear
deixei de ir à praia
de brincar na rua
usei mangas longas
pra esconder os braços do sol
meu cabelo que não tinha gravidade
era crespo e se agarrava nas coisas
alisei
não era bonita
não era magra
não era branca
era gorda menina preta e pobre
ninguém me avisou que apanharia por isso
ninguém me avisou que não seria amada por isso
morri várias vezes e várias vezes sonhei ser mulata
mulher fruta dessas que ao menos é desejada
atrair olhar de homem branco que não me xingasse
que não me batesse a mão na cara
saí daí Bombril
cabelo pixain
saci
carne de vaca
era eu
tudo isso era eu
e tinha gente que dizia
eita que essa menina deu sorte
vai sair da senzala
nasceu com nariz afilado e nem é tão escurinha assim
vai clarear quando crescer
é só ter paciência que vai ser parda
parda poderia ser rainha
deusa musa de poeta
sereia
poderia ter voz
lugar na mesa da sala
parda poderia ser
parda nada mudou
e eu gorda menina parda e pobre
continuei apanhando
até descobrir que deus
é uma mulher preta
e me aceitar
Escritora, poeta declamadora, cantora, atriz e performer. Foi finalista do prêmio Jabuti 2019 com o seu livro de estreia na poesia, Aquenda – o amor às vezes é isso, publicado pelo selo LIVRE do escritor Marcelino Freire e prefaciado por Heloísa Buarque de Holanda.
Eventos ao vivo
Quarentena poética ao vivo
Lives com a coletiva e convidadas
Domingos, 15h
17 e 31/5
7, 14 e 21/6
Slam das minas RJ
A tradicional competição valendo vaga para a final anual
24/5 e 28/6
Pocket Show com DJ Bieta e Slam das Minas RJ
Música e poesia
30/6
Projeto realizado a convite da área de Educação e acompanhado por Maria Emília Tagliari, da equipe do IMS