Slam das Minas RJ

Roberta Estrela D’Alva

A Voz passeia pela beira
Em meio a ondas de concretas ondas
Memórias líquidas e espumas de antes passam por entre
Molham olhando para dentro
Mergulha a Voz
E à tona retorna
com conchas
com cacos
com sons, consoantes
soando palavras de antes
gritos, levantes
Joga sua rede, a Voz
E arrastadas na trama atarrafada,
vem canções
vem refrões
dentes de banguelos tubarões segredos de família, certidões
saudades de além mar, contradições , intuições, percepções, revelações... Vem vozes de
russos visionários em semióticas cosmovisões
Vem vozes que nascem, e morrem, se perdem, se acham
e trazem consigo contradições
E tradições
Esquecidas,
Se-lembradas, ce-lebradas,
A-quecidas
em volta do fogo onde velhos xamãs contam suas histórias
em volta de microfones e em praças, onde recém-poetas declamam suas memórias
No presente,
De corpo presente, inteiro, desperto, vivo,
Em zonas autônomas como esta onde insistem o estudo, a poesia e os ecos de nosso
sonho coletivo.
Ainda que tentem esmagá-lo
E ainda que haja cada vez menos tempo e espaço para imaginá-lo
Vem vozes que iluminam estrelas de uma constelação semântica de troca de saberes.
Vem vozes que buscamos, encontramos e que trazem luz a nossas hipóteses em seus
dizeres.
Vão vozes, sem as quais tudo parece ficar pelo meio
Vem voz que chegou, passou e disse a que veio
Foi vós, que me chamou, aqui estou, e hoje presto minha homenagem
Vem Vós, que sempre me lembra que esta é só, dentre tantas, apenas,
mais uma passagem.