Zumví Arquivo Fotográfico (BA)
Projeto mantido pelo fotógrafo e arte-educador Lázaro Roberto, constitui-se a partir do acervo de fotógrafos afro-descendentes comprometidos com o registro dos movimentos político e artístico negros baianos nos últimos 30 anos. O foco é a relação entre tradição e modernidade, e o conjunto de imagens reflete as consequências históricas do pós-abolição em Salvador.
“A palidez da princesa estampada sob um grande X vermelho a negava como homenageada. Caía por terra outra fábula acalentada nos manuais escolares da ditadura, a da princesa bondosa que havia libertado os escravizados. Aquela imagem causou impacto e escancarou um consenso entre os militantes da luta antirracista em todo país: a princesa não nos libertou. A Princesa esqueceu de assinar a nossa carteira de trabalho, ironizavam noutro cartaz. Era o contra-discurso, diante da memória nacional que a tinha como autora da abolição.”
Zumví Arquivo Fotográfico
Lázaro Roberto
Fotógrafo e arte-educador, Lázaro Roberto é mantenedor do Zumví Arquivo Fotográfico, acervo que reúne suas próprias fotos e outras oito coleções. Comprometido com o registro dos movimentos político e artístico negros baianos ao longo de três décadas, o trabalho de Lázaro reflete de forma aguda as consequências históricas do pós-abolição em Salvador.
As 15 fotos desta série, comentadas pela pesquisadora Wlamyra Albuquerque, foram produzidas ao longo de 1988 para registrar as diversas marchas que aconteceram no centro histórico da cidade, por Lázaro e também por Jônatas Conceição e Rogério Santos. Os últimos dois, destacados nomes do Movimento Negro Unificado da Bahia, doaram sua documentação pessoal com a ideia de constituição de um acervo da memória negra baiana.
Conceição foi poeta, professor universitário, fotógrafo, radialista; um dos mais importantes intelectuais do movimento negro brasileiro. Atuou em diversas frentes de luta contra o racismo, como na valorização de entidades culturais e da literatura negras. Quando faleceu aos 57 anos, em 2009, era diretor do Ilê Aiyê, primeiro Bloco Afro do Brasil. Rogério Santos, que ainda hoje atua como fotógrafo independente, se profissionalizou em 1982. Passa então, além de trabalhar para publicidade e arquitetura, a registrar intensamente eventos da vida cultural soteropolitana: blocos afro, afoxés, ensaios de carnaval, festas de largo e atividades do mês da consciência negra. As imagens aqui apresentadas são, portanto, resultado de três olhares movidos pela força dos acontecimentos.
Publicado em 16/12/2020
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