O filme Cerimonia Secreta é uma adaptação do romance escrito pelo argentino Marco Denevi (1922-1998), que foi apresentado a Losey pela atriz Ingrid Bergman. Duas mulheres alimentam a ilusão de viver como mãe e filha. Leonora (Elizabeth Taylor) imagina reencontrar em Cenci (Mia Farrow) a filha que morreu afogada. Cenci, imagina reencontrar em Leonora a mãe, cuja morte ela se recusa a aceitar. O equilíbrio instável rompe-se com o aparecimento do padrasto de Cenci, Albert (Robert Mitchum).
“A chave do filme é obviamente o rito, a cerimonia da vida e da morte”, diz o diretor. “Quando criança, me envolvi com a igreja e com os rituais. Depois com o teatro, que também é um ritual. Jovem, eu era hostil a qualquer tipo de ritual e de cerimonia, e ainda o sou em certa medida, mas cheguei à conclusão, alguns anos atrás, de que certos rituais, certas cerimonias são necessárias ao ser humano. Se você não tiver o ritual do enterro, você não consegue se livrar da morte. Não me oponho mais aos rituais”, relata ele. O filme, conclui Losey, trata da “necessidade terrível que os seres humanos têm de outros seres humanos e da impossibilidade, para a maior parte deles, de satisfazer essa necessidade quando ela se manifesta”.