No deserto de Atacama, no Chile, a três mil metros de altitude, astronomos tiram proveito da transparência do céu para explorar galáxias longínquas em busca de vida extraterreste. Paralelamente, aproveitando a secura do solo do local, que conserva intactos os restos de seres vivos, arqueólogos estudam múmias e outra relíquias pré-colombianas, e um grupo de mulheres procura os corpos de seus parentes desaparecidos durante o período da ditadura militar no país sob o regime de Pinochet.
“Como explicar que os ossos humanos são iguais a certos asteroides? Como explicar que o cálcio de nossos ossos é o mesmo cálcio encontrado nas estrelas?” – pergunta-se Patricio Guzmán. Como explicar que as estrelas recém-nascidas se formam com nossos próprios átomos depois que morremos? “Como explicar que no Chile, o principal centro astronomico do mundo, sessenta por cento dos assassinatos da ditadura ainda não foram esclarecidos? Como é possível que os astronomos chilenos olhem para as estrelas que estão a milhões de anos luz no passado e que nas escolas não seja possível ler nos livros o que se passou no Chile há apenas 30 anos? Como explicar que um sem número de corpos enterrados pelos militares foram desenterrados e atirados no mar? Como explicar que o trabalho de uma mulher que busca com as próprias mãos no deserto é parecido com o trabalho de um astronomo?”.