Em 1973 um escândalo tomou as manchetes dos jornais americanos. Alegando falta de condições sanitárias, as autoridades de East Hampton, um balneário de luxo a 160 quilômetros de Nova York, tentaram expulsar as duas moradoras de uma mansão à beira-mar. Elas viviam isoladas ali, em Grey Gardens, há mais de 20 anos, entre guaxinins, sujeira e mato. Notícia banal, não fossem elas Edith Bouvier Beale e sua filha de 56 anos, Edie, respectivamente, tia e prima de Jacqueline Kennedy Onassis. Dois anos depois, Big Edie e Little Edie abrirão as portas de Grey Gardens a Albert Maysles e David Maysles. Eles registrarão a personalidade e os conflitos de mãe e filha, mulheres inteligentes e excêntricas.
“Elas passavam seus dias, não a perseguir o sucesso ou o reconhecimento social, mas, sim, cultivando as próprias relações amorosas conflituosas, entretendo uma à outra (e a nós) com tiradas espirituosas, trocadilhos, canções, poesia, dança e a recitação de memórias de seu passado. Elas encontram beleza até no inevitável envelhecimento da carne, que a maioria de nós tem pavor de enfrentar” – comenta Albert Maysles. “Nós nos identificamos com elas na projeção”, acrescenta Ellen Hovde. “Os relacionamentos íntimos são muito complicados nesse sentido, são relações de poder. As pessoas dependem umas das outras, tentam manipular umas às outras, amam-se mutuamente, odeiam-se mutuamente. Todas essas coisas estão acontecendo em sobreposição.”