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Pega a visão: investigando o acervo do IMS

Uma série de vídeos educativos voltada para o público infantojuvenil que investiga o acervo de fotografias do IMS a partir de um ponto de vista crítico, refletindo sobre diferentes aspectos técnicos, sociais e simbólicos das imagens.

Todos os vídeos têm versões com tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendas em português.

Ep. 1: Representações indígenas

 

Mari é uma jovem indígena, do povo Aranã Pedro Sangê, que vive em Belo Horizonte. Intrigada com uma história que sua avó contava sobre a fotografia capturar a alma das pessoas e animais, decide comprar uma câmera fotográfica e iniciar uma investigação a partir do acervo de fotografias do Instituto Moreira Salles, para compreender melhor a visão de sua avó.

Sua pesquisa instiga-nos a pensar sobre como fotografias de alguns dos povos indígenas no Brasil, em diferentes períodos históricos, nos possibilitam refletir sobre a maneira como essas imagens foram feitas, seus contextos e a potência dos povos indígenas como protagonistas de suas próprias narrativas fotográficas na contemporaneidade.

Versão com tradução em Libras e legendas em português

Ficha técnica

narração e personagem Mariana India Aranã Pedro Sangê // concepção Renata Bittencourt (Coordenação Educação IMS), Maria Emília Tagliari Santos (Supervisão Ação Educativa IMS Rio) // direção Carolina Santana, Douglas Pêgo // roteiro Carolina Santana, Graciela Guarani // produção Malacaxeta - arte, educação e design


Entrevista com Mariana India

Em entrevista realizada por Marcell Carrasco, da equipe de comunicação do IMS, a jovem comenta como foi o processo da realização do projeto e sua importância para a construção de suas próprias representações.

Você poderia se apresentar e contar quem você é, sua cidade, idade?
Meu nome é Mariana India, tenho 15 anos, sou de Araçuaí - Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), do povo indígena Aranã Pedro Sangê. Atualmente moro em Sete Lagoas, Minas Gerais.

O resultado do vídeo é muito interessante. Você pode contar como foi sua participação no filme?
Eu fiquei muito feliz quando a Carol (diretora do filme) chamou minha mãe e me convidou para participar do projeto. Algumas fotos que aparecem no vídeo são do meu povo, e algumas do acervo do instituto (IMS). Foi importante para contar nossa história, que muitas vezes não é falada. E o resultado ficou lindo, eu chorei na hora que vi o resultado, de verdade, porque foi um momento muito importante para mim, para mostrar minha habilidade e capacidade, mostrar um pouco da história do meu povo.

E como isso marcou você? Já tinha feito algum trabalho desse tipo antes?
Foi a primeira vez que fiz esse tipo de trabalho, e foi uma oportunidade muito boa. Eu amei demais! Isso me marcou demais, porque eu sempre tive um interesse pela fotografia. Através da fotografia é possível retratar vários momentos da vida. Por exemplo, eu nasci numa época mais recente, então tenho fotos de pequena até hoje. E tem gente que não tem esse poder, essa possibilidade de gravar esses momentos. Então, é bom ter essas fotografias para guardar e mostrar para outras pessoas, para outras gerações.

O que mais chamou sua atenção ao se deparar com o acervo do IMS? Foi a primeira vez que viu aquelas imagens?
O acervo do instituto tem muitas fotos antigas e muitas fotos tiradas por não indígenas, e essas fotos, na maioria das vezes, não têm identificação, não têm nome, não têm nome do povo. Então é um pouco triste isso, sabe, de não saber quem foram aquelas pessoas. Foi a primeira vez que vi essas imagens, que são bonitas, mas que poderiam ter uma identificação, um nome, um povo, sabe, informações!

Qual a importância de pessoas indígenas fazerem seus próprios registros? Você acha que é um movimento importante de reconstrução de sua própria história?
Eu particularmente gosto de tirar fotos, gosto de retratar todos os momentos para poder guardar, mostrar para os meus netos quando eu estiver bem velhinha. Poder mostrar nosso povo indígena, que muita gente não sabe. Na minha própria escola, as pessoas não sabem que sou indígena, e, quando falo “sou Mariana India”, as pessoas perguntam: “Mas você é índia mesmo?”. Eu falo: “Sim, eu sou”.

Quais são suas referências? Existem pessoas ou trabalhos que influenciam você na fotografia?  
Eu não tenho uma referência exata. Quem tira nossas fotos somos nós, fazemos nosso acervo para nós mesmos. Mas uma referência que eu gosto bastante é a Barbara Simões, que fez minhas fotos de 15 anos (acima), em que eu estava vestida com minhas roupas indígenas, com um cocar, um colar, uma roupa indígena mesmo. Foi muito especial, e ficou lindo o resultado das fotos que eu fiz com ela.

O que você espera do resultado do filme, como acha que será a repercussão? 
Eu acho que o resultado vai ser incrível, todo mundo vai gostar porque é um assunto que não é falado. É um material que pode ser mostrado em escolas, por exemplo. Então acho que vai ser um resultado magnífico.

E você pretende seguir no ramo da fotografia? 
Tecnicamente, não (risos). A minha área mesmo é da biomedicina, que eu pretendo seguir futuramente. Mas continuo fotografando, porque é algo que gosto muito.