Mirada ao norte - Um olhar para a arte da baixada fluminense
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A escolha do nome, Mirada ao norte, faz uso de uma palavra que indica uma ação, derivada do verbo mirar, isto é, observar fixamente, voltar a atenção para um ponto específico, bem como uma palavra referente a uma orientação geográfica, nesse caso, o norte. Em vista disso, trata-se de um jogo de relações, dado que revela não só o lugar de partida, ou melhor, da perspectiva, mas especialmente o que será motivo de análise, discussão e escrita. Diferente do uso da em contextos de violência, buscamos nos afastar da ideia de mira, de ter um alvo, de acertar com o propósito de destruir. Um exercício de imaginação nos permite transformar a palavra em mirante, lugar alto, de destaque, de fruição, onde se tem uma visão panorâmica do entorno, uma visão de cima. Logo, o objetivo é construir narrativas, visualidades, discursos.
Aqui, nesse projeto, norte é entendido não como uma região ou hemisfério, talvez, mais próximo de uma zona do mapa. Aberto a interpretações outras, o nome assume ao mesmo tempo uma orientação e um convite à cidade do Rio de Janeiro. É necessário descentralizar, em vários sentidos, do literal ao simbólico, porque uma história (da arte) única é excludente e monofocal. Antes de um reconhecimento, uma vez que não é isso o que está sendo reivindicado, pois existem outras formas e processos de legitimação, tal consiste no alerta da importância de conhecer a produção artística e cultural do subúrbio carioca e a periferia fluminense, assim como fomentar o maior alcance do trabalho desenvolvido por esses agentes. O projeto nos incentiva a pensar criticamente o território da Baixada Fluminense, de dentro para fora, em prol de um maior entendimento do cenário local. Afinal, a mirada é para a nossa própria morada.
João Paulo Ovidio
