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Contraste

Fotografia e Cinema

Conversa

Com Ricardo Mendes, Thiago Gil, Eduardo Morettin e Denilson Lopes. Parte de 1922: Modernismos em debate

Quando

27/9/2021, segunda, às 18h

Evento online e gratuito

Transmissão ao vivo com tradução simultânea em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.
Cinema Pathé, avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, c. 1919. Fotografia, gelatina/prata. Acervo Instituto Moreira Salles

A Semana de Arte Moderna contemplou de modo inequívoco áreas como a literatura e as artes plásticas, mas outras manifestações artísticas, como a fotografia e o cinema, não fizeram parte do evento. Neste encontro, o papel da fotografia e do cinema e suas relações com o modernismo ganham diferentes abordagens. Da existência de um pré-modernismo fotográfico em São Paulo nas primeiras décadas do século XX à presença complexa da fotografia na obra e nas reflexões de Oswald de Andrade sobre arte. Da tentativa de estabelecer o lugar do cinema nos diferentes modernismos à contribuição que Limite, de Mario Peixoto, pode dar  para uma outra visão de modernismo.

Essa conversa faz parte do ciclo de encontros 1922: modernismos em debate.

Transmissão ao vivo com tradução simultânea em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Vídeo


Programa

Mesa 13

18h às 18h30 - Fotografia e Modernismo: (de volta a) ideias fora de lugar
Com Ricardo Mendes (FotoPlus)

Fotografia e Modernismo, no contexto brasileiro têm sido há muito uma questão heterodoxa. Se os 50 anos da Semana de Arte Moderna na década de 1970 foram marcados pelo entrelaçamento de comemoração e revisão crítica do Modernismo na literatura e nas artes visuais, a constituição
tardia, quase duas décadas após, de uma operação historiográfica voltada a uma história da visualidade que desse conta da fotografia implicou, por algum tempo, em reflexões dispersas pontuadas raramente por obras historiográficas de impacto duradouro.

Esta comunicação propõe uma reflexão, nessas circunstâncias, a partir de dois modos de entendimento. O primeiro, mais focado em São Paulo, procura identificar ações e obras que caracterizariam um “pré-modernismo fotográfico” ao longo das quatro primeiras décadas do século
XX. Procura rever obras em nova circunstância, pensar o lugar social do fotógrafo na modernidade urbana do Sudeste brasileiro. A segunda aproximação, em contraste, adota outra estratégia. Distancia-se dos modelos conhecidos e busca o paradoxo de olhar de novo aquele momento na
tentativa de descobrir de que maneira indivíduos ou grupos responderam à questão: como performar a modernidade.

18h30 às 19h -  Avesso da arte, poesia às dúzias: a fotografia na obra de Oswald de Andrade
Com Thiago Gil (Fundação Bienal de São Paulo)

No Manifesto da poesia pau-brasil, o surgimento da máquina fotográfica é apresentado como etapa final de um fenômeno de democratização estética baseado em um ideal naturalista, contra o qual a pintura moderna reagia. Esse é o mesmo raciocínio que encontramos nas notas de Oswald de Andrade sobre pintura, publicadas no período de organização da Semana de Arte Moderna, quando a fotografia aparece como o avesso da arte. Ao mesmo tempo, o caráter de documentação instantânea associado à fotografia surge no livro Pau-brasil como uma afinidade com a poesia moderna, também ela, em sua versão oswaldiana, uma tentativa de registro ágil da poesia efêmera que surpreende na vida. A imagem fotográfica interessava ainda ao romancista de Memórias sentimentais de João Miramar como mediadora de novas formas de relação entre sujeitos, infiltrando-se na intimidade da vida amorosa, produzindo novos comportamentos. Esta comunicação discutirá como a presença complexa da fotografia na obra e nas reflexões de Oswald de Andrade sobre arte pode ser reveladora ao mesmo tempo da profundidade, das ambiguidades e dos limites de sua experiência modernista nos anos 1920.

19h às 19h30 - Debate
Mediação: Thyago Nogueira (IMS)

 

Intervalo |19h30 - 19h45

 

Mesa 14

19h45 às 20h15 - Cinema e Modernismo em 1922: ruptura e convenção
Com Eduardo Morettin (USP)

O cinema havia sido abraçado pelos modernismos europeus nos anos 1910, que perceberam nele uma poética pautada pela velocidade, aderiram à incorporação de formas culturais depreciadas pelas elites, como a comédia burlesca, e encantaram-se com a representação de lugares distantes
em documentários e com as imagens desconcertantes dos filmes científicos. Do futurista Thais (1916) às discussões provocadas pelo “expressionista” O gabinete do dr. Caligari (1920), dos projetos de Hans Richter à colaboração de Aleksandr Ródtchenko ao cinejornal Kino Pravda, de Dziga Vertov, era ampla, porém tateante, a inserção do cinema nas chamadas vanguardas artísticas. Tendo em vista o que era o cinema brasileiro naquele período, é possível compreender a sua ausência como manifestação artística na Semana de Arte Moderna de 1922. No mesmo ano, participou de forma ativa nas comemorações oficiais, como na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil. Compreender essa ausência e presença implica no entendimento do contexto geral acima delineado, a fim de estabelecermos o lugar do cinema nos diferentes modernismos e no concerto (ou desconcerto) nacional.

20h15 às 20h45 - Um Modernismo decadente e frívolo
Com Denilson Lopes (UFRJ)

Em que medida uma pesquisa sobre Mário Peixoto pode contribuir para uma outra visão do Modernismo? A primeira exibição de Limite, em 1931, poderia ser considerada como um marco do Modernismo cinematográfico, mas talvez mais do que isso, esse filme pode nos ajudar a pensar um
“outro Modernismo”, marcado pela cosmopolitismo (universalismo cristão, ocidentalismo) ao invés da formação de uma cultura nacional ou de regionalismos na esteira do realismo; pela catástrofe ao invés da utopia; pela melancolia, mesmo frivolidade, ao invés da alegria; por dândis queers e herdeiros improdutivos ao invés de intelectuais engajados; por um imaginário decadentista, pela sensação de fim do mundo ou de um mundo ao invés da inauguração de uma nova era; pelo fascínio pela lentidão que advém das paisagens devastadas, das cidades mortas e das pequenas cidades em detrimento da velocidade e da hipersensorialidade das grandes cidades modernas, que nos revelam não mitos e arcaísmos, mas um Modernismo rural.

20h45 às 21h15 - Debate
Mediação: Heloisa Espada (IMS)

 

 

Realização


Sobre os participantes

Denilson Lopes é professor associado da Escola de Comunicação da UFRJ, é autor de Mário Peixoto antes e depois de Limite (2021), Afetos, experiências e encontros com filmes brasileiros contemporâneos (2016), No coração do mundo: paisagens transculturais (2012), A delicadeza: estética, experiência e paisagens (2007), O homem que amava rapazes e outros ensaios (2002) e Nós os mortos: melancolia e neobarroco (1999). Também é coautor de Inúteis, frívolos e distantes: à procura dos dândis (2019).

 

Eduardo Morettin é professor da ECA/USP. É autor de Humberto Mauro, cinema, história (2013) e organizador, entre outros trabalhos, de A recepção crítica de Glauber Rocha no exterior (1960 – 2005) (2020). É um dos líderes do Grupo de Pesquisa CNPq História e Audiovisual: Circularidades e Formas de Comunicação. Foi professor visitante do Institut des Hautes Études de l'Amérique Latine da Université Sorbonne Nouvelle Paris 3 (2019). Coordena o projeto Leitura e Produção de Conteúdo para Mídias Sociais.

 

Thiago Gil de Oliveira Virava é doutor em história, crítica e teoria da arte pela Universidade de São Paulo (2018), com pesquisa sobre a relação de Oswald de Andrade com as artes visuais, e mestre na mesma linha de pesquisa (USP, 2012), com estudo sobre a percepção do movimento surrealista no Brasil. Organizou o ciclo de encontros História(s) da arte no Brasil (2011-2012), na Biblioteca Mário de Andrade. É autor do livro Uma brecha para o surrealismo (Alameda, 2015). É coordenador de Pesquisa e Difusão na Fundação Bienal de São Paulo.​

 

Ricardo Mendes é mestre pela ECA-USP e doutorando em história social na FFLCH-USP. Responde pelo projeto documental FotoPlus, sobre produção, circulação e reflexão sobre fotografia no Brasil. Atuou no Centro Cultural São Paulo e no Arquivo Histórico Municipal. Publicou Antologia Brasil, 1890-1930: pensamento crítico em fotografia (2013, XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia) e Noticiário geral da Photographia paulistana: 1839-1900, com Paulo Cezar Alves Goulart (2007), ganhador do Prêmio Jabuti.


Como participar

Quando
27/9/2021, segunda, às 18h

Evento online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Transmissão ao vivo com tradução simultânea em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


1922: Modernismos em debate

O ciclo de encontros 1922: modernismos em debate tem o objetivo de promover uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna de 1922. A partir de uma perspectiva histórica ampla, incluirá a análise de manifestações modernistas ocorridas em outras regiões do Brasil, tais como Minas Gerais, Recife, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Organizado pelo Instituto Moreira Salles, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e pela Pinacoteca, o evento reunirá, em dez encontros, pensadores de diversas áreas, formações, regiões e gerações.