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Contraste

Futuro e passado: legados para o patrimônio

Conversa

Com Flávia Camargo Toni, Nelson Olokofá Inocêncio, Carlos Augusto Calil e Carla Dias. Parte de 1922: Modernismos em debate

Quando

13/12/2021, segunda, às 18h

Evento online e gratuito

Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook
Theatro Municipal de São Paulo, c. 1920. Foto de Theodor Preising. Fotografia, gelatina/prata. Acervo Instituto Moreira Salles

No décimo e último encontro do ciclo 1922: Modernismos em debate, estão em foco legado e patrimônio, passando por áreas como música, a partir das pesquisas e vivências de Mário de Andrade, e a arte afro-brasileira, com coleções que partiram de representações exóticas. Também é abordada a Coleção Sertaneja do Museu Nacional, inaugurada em 1918.  E, ainda, a "descoberta", em 1924, da obra de Aleijadinho por um grupo de modernistas, e como isso acabaria por levar à criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Essa conversa faz parte do ciclo de encontros 1922: modernismos em debate.

Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Vídeo


Programa

Mesa 19

18h às 18h30 - As memórias de Verônica ou Qual música para o patrimônio do Brasil*?
Com Flávia Camargo Toni (USP, ABM)

Dentre os participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 – aqui incluídos organizadores e participantes no palco –, Mário de Andrade é o único músico pesquisador, no sentido que a musicologia entenderá por ofício. Sua prática cotidiana não contempla a performance, pois é um professor de dicção, estética, história da música e piano, mas até a década de 1940 permanece sem interlocutores no campo das discussões sobre a criação musical brasileira. Diálogos breves ou sem continuidade, nos casos de Renato de Almeida, Villa-Lobos, Luciano Gallet e Manuel Bandeira, apontam para a organização de um pensamento que focaliza a música da oralidade como a que recebe o status da patrimonialização, a ponto de participar da agenda do gestor da cultura. Esta mesa discutirá as maneiras pelas quais a música constitui um legado para Mário de Andrade e as maneiras pelas quais a vivência do estudioso tensiona os limites de sua análise sobre a patrimonialização.

18h30 às 19h - Coleções de arte negra: das representações exóticas às representações afirmativas
Com Nelson Olokofá Inocêncio (UNB)

Nesta abordagem, será realizada uma digressão histórica acerca das coleções de arte e artefatos afro-brasileiros, reunidos a partir de processos distintos, com perspectivas diferentes. Serão analisadas desde práticas arbitrárias que resultaram em coleções polêmicas, a exemplo da Coleção Museu da Magia Negra, até movimentos em defesa de coleções que representassem a diáspora africana sem subtrair-lhe a humanidade. O intuito é o de cotejar tais experiências, que coexistiram com o Modernismo brasileiro, a fim de que esse exercício possa estimular discernimentos entre representações construídas sobre o imaginário negro e representações construídas pelo imaginário negro.

19h às 19h30 - Debate
Mediação: Beatriz Paes Leme (IMS)

 

Intervalo |19h30 - 19h45

 

Mesa 20

19h45 às 20h15 - Sob o signo do Aleijadinho: política de proteção do patrimônio cultural
Com Carlos Augusto Calil (USP)

Em abril de 1924, uma excursão partiu de São Paulo para visitar as cidades do ouro de Minas Gerais em plena Semana Santa. Dela participaram a pintora Tarsila do Amaral, os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e René Thiollier, a grande dama da sociedade paulista d. Olívia Guedes Penteado, seu genro, Gofredo da Silva Telles, e o poeta e escritor francês Blaise Cendrars, em sua primeira temporada no Brasil.
Essa viagem constitui um marco na história cultural do país. Oswald de Andrade, na dedicatória do seu livro Pau Brasil, deixaria gravado: “A Blaise Cendrars, por ocasião da descoberta do Brasil”. De fato, com exceção de Mário de Andrade, que já conhecia a região, todos os outros ficaram marcados pelo encontro com a obra de Aleijadinho, à época relegada ao abandono.

Diante do altar da matriz de Tiradentes, d. Olívia decidiu criar a Sociedade dos Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil, com estatutos encomendados ao poeta francês. A iniciativa não prosperou, mas despertou a consciência dos intelectuais mineiros, que, nos anos 1930, com o apoio decisivo de Mário de Andrade, assumiram a responsabilidade pela criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

20h15 às 20h45 - A nação e o povo, colecionado e ilustrado no Museu Nacional
Com Carla Dias (UFRJ)

Ponto importante no processo de construção da nação era o reconhecimento de suas expressões próprias, nativas e singulares, autênticas representações do povo e, portanto, adequadas à sua construção simbólica. A Coleção Sertaneja, inaugurada em 1918, ainda no contexto político-administrativo da primeira República e no contexto científico dos estudos sobre raças então desenvolvidos no museu, passou a ser denominada Regional no contexto político do Estado Novo. O que estava em jogo era a representação do amplo território, do interior e do sertão. O valor de um objeto está em sua origem, em sua capacidade de representar um grupo social, os tipos humanos que comporiam uma imagem de Brasil, como fragmentos dessa totalidade.

20h45 às 21h15 - Debate
Mediação: Valéria Piccoli (Pinacoteca)

 

 

Realização


Sobre os participantes

Carla Dias é professora da UFRJ, integra o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da mesma universidade. Coordena o Grupo de Pesquisa Núcleo de Arte, Antropologia e Patrimônio (NAPa/CNPq). Sua dissertação A tradição nossa é essa: é fazer panela preta, sobre a tradição das paneleiras de Goiabeiras, e sua tese De sertaneja a folclórica – A trajetória da Coleção Regional do Museu Nacional foram premiadas no Concurso Silvio Romero, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.

 

Carlos Augusto Calil é professor do Departamento de Cinema, Televisão e Rádio da ECA/USP. Foi dirigente de instituições públicas culturais, como Embrafilme, Cinemateca Brasileira, Centro Cultural São Paulo, e foi secretário municipal de Cultura de São Paulo. Realizou documentários em filme e vídeo, e foi curador da exposição permanente montada na casa em que viveu Mário de Andrade. Autor de artigos, resenhas e ensaios, foi editor e organizador de publicações sobre cinema, iconografia, teatro, história e literatura.

 

Flávia Camargo Toni é professora titular do Instituto de Estudos Brasileiros da USP e orientadora no Departamento de Música da ECA/USP. Na década de 1980, trabalhou no Centro Cultural São Paulo, junto ao acervo da Missão de Pesquisas Folclóricas, e, a partir de então, passou a estudar o pensamento musical de Mário de Andrade. Foi organizadora da reedição de Ensaio sobre Música Brasileira (2020), obra emblemática do Modernismo escrita por Mário de Andrade.

 

Nelson Olokofá Inocêncio é docente do Instituto de Artes da UnB, onde integra o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros. Foi curador de exposições, como (Art)vismo negro (Galeria Espaço Piloto VIS/IdA/UnB, 2007) e Afrografismos de Olumello (Museu da República, 2012). É autor de dois livros e vários artigos sobre identidades negras e questões imagéticas e das marcas do Movimento Negro Unificado, do Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.


Como participar

Quando
13/12/2021, segunda, às 18h

Evento online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.

Vacine-se. Use máscara sempre, lave as mãos e use álcool em gel. Evite aglomerações.


1922: Modernismos em debate

O ciclo de encontros 1922: modernismos em debate tem o objetivo de promover uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna de 1922. A partir de uma perspectiva histórica ampla, incluirá a análise de manifestações modernistas ocorridas em outras regiões do Brasil, tais como Minas Gerais, Recife, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Organizado pelo Instituto Moreira Salles, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e pela Pinacoteca, o evento reunirá, em dez encontros, pensadores de diversas áreas, formações, regiões e gerações.