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Adaptações literárias no cinema brasileiro

Curso

4 aulas com Ismail Xavier, Luciana Corrêa de Araújo, Ilana Feldman e Luiz Carlos Oliveira Jr.

Quando

5, 12 e 26 de setembro e 2 de outubro de 2018, das 19h às 21h

Inscrição

R$200 (inteira) e R$100 (meia). Vendas pelo Eventbrite.

IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP

Material de divulgação do filme Boca de ouro (1963), de Nelson Pereira dos Santos.

O curso

Por ocasião das programações dedicadas a Joaquim Pedro de Andrade e Nelson Pereira dos Santos no cineteatro do IMS Paulista, este curso pretende discutir algumas das mais famosas adaptações literárias no cinema brasileiro. Ele investiga este procedimento corrente ao pensar obras de distintos movimentos literários transpostos para o cinema ao longo de cinquenta anos, entre cinema novo e a produção pós-retomada, discutindo filiações estéticas particulares e intercâmbios entre as duas linguagens.


Inscrição

Inscrições até a primeira aula.

4 aulas, R$200. Estudantes, professores e maiores de 60 anos têm 50% de desconto.


Aulas

1. A falecida e Boca de Ouro

Quando

5 de setembro de 2018, quarta, das 19h às 21h

Ministrado por

Ismail Xavier

Será feita a análise de Boca de Ouro (1963), de Nelson Pereira dos Santos, e A falecida (1965), de Leon Hirszman, para esclarecer a forma como cada cineasta traduziu para o cinema a obra de Nelson Rodrigues, ou seja, como cada qual trouxe uma inflexão particular à composição das personagens, e como interpretaram os conflitos em jogo na trama das peças, de modo a imprimir uma tonalidade própria ao drama e, desta forma, expressar a sua visão da experiência do Boca de Ouro e de Zulmira no seu confronto com o seu meio social.

Ismail Xavier é professor emérito da USP, teórico e crítico de cinema.

2. O padre e a moça

Quando

12 de setembro de 2018, quarta, das 19h às 21h

Ministrado por

Luciana Corrêa de Araújo

Primeiro longa-metragem de ficção realizado por Joaquim Pedro de Andrade, O padre e a moça (1966) tem seu roteiro “sugerido” pelo poema “O padre, a moça”, de Drummond. A partir da análise do filme, do poema e das versões do roteiro, a aula irá discutir os procedimentos de adaptação empreendidos pelo diretor e roteirista, desde o desenvolvimento do enredo até o trabalho com texturas, contrastes e rimas visuais.

Luciana Corrêa de Araújo é pesquisadora de cinema e trabalha como professora-adjunta na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Desenvolve pesquisas sobre história do cinema brasileiro e cinema silencioso. É autora dos livros A crônica de cinema no Recife dos anos 50 e Joaquim Pedro de Andrade: primeiros tempos.

3. A hora da estrela

Quando

2 de outubro de 2018, quarta, das 19h às 21h

Ministrado por

Ilana Feldman

A literatura é o lugar em que o outro fala, dizia Ricardo Piglia. Em A hora da estrela (1985), filme de Suzana Amaral a partir do romance homônimo de Clarice Lispector (1977), a alteridade, através da personagem Macabéa, é apresentada de maneira radical. A partir do cotejo entre filme e livro, a aula pretende discutir de que ​forma​ tanto uma obra quanto outra constroem-se, ​de modo singular, como um chamado para o fora do eu e da linguagem mesma: como um encontro incontornável com um outro.

Ilana Feldman é pesquisadora, crítica e professora. Doutora em Cinema pela ECA-USP​ e pós-doutora em teoria literária pelo IEL-Unicamp, com pesquisa sobre cinema, testemunho e autobiografia a partir da obra do cineasta brasileiro-israelense David Perlov.

4. O invasor e Crime delicado

Quando

26 de setembro de 2018, quarta, das 19h às 21h

Ministrado por

Luiz Carlos Oliveira Jr.

Uma análise comparativa de duas adaptações de Beto Brant: O Invasor (2001), baseado no romance homônimo de Marçal Aquino, e Crime delicado (2005), inspirado na novela Um crime delicado, de Sérgio Sant’Anna. Em O invasor, o colapso urbano de São Paulo é mostrado por meio de uma estética “suja” e instável, calcada em cenas improvisadas com predominância de espaços exteriores, uso sistemático da câmera na mão, granulação áspera das imagens e estridente trilha sonora. Crime delicado, por sua vez, narra a catástrofe íntima de um crítico de teatro acusado de abuso sexual. Invertendo, em parte, o estilo do primeiro, este é um filme de interiores, quase um teatro de câmara, com uma mise en scène rigorosa, pautada na câmera fixa e na organização minuciosa dos deslocamentos dos corpos pelo espaço cênico, o que contrasta com o caráter de improviso e descontrole aparente observado no filme anterior. As diferentes estratégias de adaptação adotadas por Brant permitem que tracemos um cotejo entre duas formas opostas de transposição fílmica de um texto literário

Luiz Carlos Oliveira Jr. é crítico e pesquisador de cinema, autor do livro A mise en scène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo. Doutor pela ECA-USP, foi editor da revista eletrônica Contracampo.


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