Garimpando a paisagem sonora do pós-Abolição, buscando sentido de vida, pertencimento e afetos, formando instituições paralelas a fim de lapidar sua própria cidadania e espaço de existência, a comunidade negra costurou nas ruas a radical modernidade do Brasil. O exercício de lembrar, a partir de imagens fragmentadas do continente africano, foi fundamental para a configuração e a organização de sua vida pública: assim, do desejo de reconstruir no drama da Diáspora, o samba se impõe como marca de um povo que criava seus próprios projetos de existência e resistência e, mesmo estando às margens dos espaços considerados de poder, foi costurando uma identidade negra na formação das cidades. Neste curso, partiremos do Rio de Janeiro para provocar e flexionar a ideia de Pequenas Áfricas, chamando A atenção para os territórios negros e suas vozes insurgentes que lutam para participar da partilha do comum.
Evento com interpretação em Libras, de acordo com a necessidade dos participantes.
1. Flexionando as Pequenas Áfricas
Dedicado a pensar memória, território e pertencimento, este encontro pretende refletir sobre o nascedouro da ideia de “Pequena África” no Rio de Janeiro e o quanto a dimensão de trabalho urbano e desenvolvimento cultural amplia o espaço tempo da Pequena África, a fim de pensar a costura das cidades pela comunidade negra.
2. A música no Atlântico Negro e o caso do samba no Brasil
Refletir a musicalidade que cruzou os mares e ganhou contornos próprios deste lado do Atlântico. Esse encontro vai partir da complexidade da Diáspora negra para os eventos e movimentos de criação e criatividade com os quais a população negra desenvolveu maneiras de existir e resistir. Sendo a música um dos componentes mais poderosos de vínculo com a ancestralidade que se atualizou e atualiza no presente.
3. Entre Baías: Baía de Todos os Santos e Baía da Guanabara
Trânsitos e deslocamentos de mulheres negras entre as cidades de Salvador e Rio de Janeiro nos séculos XIX e XX fizeram nascer o samba urbano junto à primeira grande geração de sambistas. Mulheres conhecidas pelo ofício de Tias, figuras emblemáticas, que compõem aspectos culturais e religiosos que foram basilares para a organização dos laços de afeto, trabalho, pertencimento e cidadania no pós-Abolição.
4. E quando o acervo é samba?
Esse encontro tem como objetivo analisar as políticas de memória e a ideologia das instituições que perseguiram, apreenderam e subalternizaram a cultura material da comunidade negra, bem como os projetos contracoloniais, os quais têm sido pautados pela agência de sujeitos negros. Ações, eventos e pensamentos protagonizados pela comunidade negra vêm ganhando aderência das mais diversas instituições, incidindo, assim, na cultura política do país.
Professora, pesquisadora, curadora e pós-doutora em sociologia política pela UENF. Possui mestrado em história social da cultura pela PUC-Rio com o tema “As Tias pretas do samba: por uma questão de memória, espaço e patrimônio”. Atualmente é professora do Colégio Vera Cruz em São Paulo, foi cocuradora da exposição Pequenas Áfricas no IMS e integra o júri do Estandarte de Ouro do Carnaval carioca. É roteirista na série documental Música e silêncio e presta consultoria para diversas instituições.
Quando
6, 13, 20 e 27/3/2024, quartas, 19h às 21h
Onde
IMS Paulista
Sala de aula - 2º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
Inscrição
VAGAS ESGOTADAS
4 encontros, R$ 120 (inteira) R$ 60,00 (meia)
Lugares limitados (45 vagas)
Estudantes, professores e maiores de 60 anos têm 50% de desconto em todos os cursos, mediante apresentação de documento comprobatório no dia do evento.