A questão indígena e a descoberta do Brasil pela fotografia
Curso
com Sylvia Caiuby Novaes (org.), Kelly Koide, Fabiana Bruno, Renato Sztutman e Rafael Hupsel
Quando
30/1 e 6, 13, 20 e 27/2, quartas, das 19h às 21h
Inscrições
IMS Paulista
Sala de aula
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
Por ocasião da exposição Claudia Andujar: a luta Yanomami, este curso analisa a obra da fotógrafa a partir dos anos 1960 no Brasil e o contexto histórico e artístico da época. Partindo de um trabalho que se caracteriza ética e esteticamente pelo seu engajamento político com os Yanomami, cada aula será ministrada por um professor, abordando como a questão indígena no Brasil pode ser pensada a partir da iconografia; a primeira parte da carreira de Andujar; o fotolivro Amazônia (1978), feito em parceria com George Love, que rompe com noções de representação e de discurso de realidade; e um dos temas recorrentes em suas fotos, a saber, o xamanismo -- e como a fotografia, o xamanismo e a yãkoana (pó extraído de uma árvore que possui propriedades psicoativas, utilizado pelos Yanomami) podem ser pensados como mediadores que permitem o acesso a outras realidades através de imagens.
5 encontros
R$ 70 por aula individual ou R$ 250 por 5 aulas
45 vagas
Vendas pelo Eventbrite e na bilheteria do IMS Paulista.
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
INSCRIÇÕES PARA O CURSO COMPLETO
Pacote com os 5 encontros - ESGOTADO (lista de espera disponível)
INSCRIÇÕES PARA AULAS INDIVIDUAIS
30/1 - A questão indígena pensada a partir da iconografia, com Sylvia Caiuby Novaes - ESGOTADO (lista de espera disponível)
6/2 - Poética e política em Claudia Andujar, com Kelly Koide - ESGOTADO (lista de espera disponível)
13/2 - Imagem, experimentação e montagem, com Fabiana Bruno - ESGOTADO (lista de espera disponível)
20/2 - Imagem e xamanismo, com Renato Sztutman - ESGOTADO (lista de espera disponível)
27/2 - Yãkoana e os xapiri: suas imagens e reflexos, com Rafael Hupsel
Sylvia Caiuby Novaes é professora do departamento de Antropologia da USP e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios. Realizou mais de trinta anos de pesquisa entre os Bororo de Mato Grosso, que resultaram na publicação de inúmeros livros, artigos e ensaios fotográficos. É fundadora e coordenadora do Lisa – Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP – e coordena o Gravi – Grupo de Antropologia Visual.
Kelly Koide é pesquisadora e escritora. Doutora em Filosofia pela USP, atualmente desenvolve pesquisas de Pós-Doutorado na USP sobre a fotografia, buscando uma convergência entre estética, antropologia e filosofia.
Fabiana Bruno é doutora em multimeios e pós-doutora em antropologia pela Unicamp. É pesquisadora colaboradora do Departamento de Antropologia da mesma universidade, onde participa como uma das coordenadoras do LA’GRIMA (Laboratório Antropológico de Grafia e Imagem).
Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da USP e pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da mesma universidade. É autor de O profeta e o principal: a ação política ameríndia e seus personagens.
Rafael Hupsel é fotógrafo, pesquisador do Grupo de Antropologia Visual da Universidade de São Paulo (GRAVI-USP) e professor do curso tecnólogo superior em fotografia da FAPCOM. Mestre em Antropologia Social pela USP, abordou em sua pesquisa os usos da fotografia para uma etnografia da experiência com a ayahuasca.
30/1: A questão indígena pensada a partir da iconografia, com Sylvia Caiuby Novaes
Seria possível discutir a questão indígena no Brasil a partir da iconografia que se produziu sobre esses povos, desde que os portugueses aqui chegaram? A partir de alguns conjuntos de imagens, a aula procura mostrar o quanto uma fotografia pode revelar a respeito de seus autores e propósitos, muito além do sujeito que nela se representa. A análise foca alguns momentos históricos específicos, detendo-se ao final nas fotos de Claudia Andujar entre os Yanomami, contrapostas a outros fotógrafos contemporâneos que igualmente se dedicaram a retratar povos indígenas.
6/2: Poética e política em Claudia Andujar, com Kelly Koide
Considerando a primeira parte da carreira de Claudia Andujar, nas décadas de 1960 e 1970, a proposta desta aula é uma reflexão sobre a relação entre suas fotografias e o cenário artístico do período. O que ela viu ao chegar ao Brasil? E como viu o que encontrou por aqui? Por ser a fotografia a forma que encontrou de conhecer as populações brasileiras, Andujar associou ética e estética em sua produção artística. Sua obra nos leva a ver aquilo que não está dado diretamente na imagem fotográfica, rompendo a distância entre a fotógrafa e o fotografado. Através de um percurso pela paisagem humana e pelo panorama das artes visuais no Brasil, veremos como as imagens da artista revelam uma poética que alia experimentação visual e engajamento político.
13/2: Imagem, experimentação e montagem, com Fabiana Bruno
Uma discussão da produção de Claudia Andujar originada na década de 1970, período em que foi enviada pela revista Realidade para fotografar na Amazônia, dando ênfase à publicação do livro Amazônia em 1978, em parceria com George Love. A obra é uma experimentação (com fragmentos, cortes, pontas de filmes e sobras fotográficas) que marcará a história dos livros de fotografia, por sua capacidade de romper com a noção de representação e de discurso de realidade. À luz desta produção, procuraremos refletir sobre este lugar de experimentação, centrado na intersecção entre os campos da antropologia e da arte. Contemplaremos a força da circularidade das fotografias de Andujar – uma vez posta entre o estatuto do documento, da arte e da experiência – para analisar sua potencialidade de atravessar tempos, revelando-se uma expressão sensível, poética e carregada de imaginação política.
20/2: Imagem e xamanismo, com Renato Sztutman
As fotografias de Claudia Andujar serão discutidas à luz do livro A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, no qual somos apresentados ao xamanismo, à cosmologia e à história do povo Yanomami. A questão que nos guiará é a seguinte: em que medida as fotografias de Andujar constituem expressão da experiência xamânica? Ou em outras palavras: pode a fotografia constituir uma tecnologia xamânica, capaz de nos aproximar do universo visual dos espíritos xapiri? E ainda: qual o sentido político desta empreitada?
27/2: Yãkoana e os xapiri: suas imagens e reflexos, com Rafael Hupsel
Esta aula propõe discutir como a fotografia de Claudia Andujar evoca a experiência sensorial da yãkoana, pó extraído de uma árvore que possui propriedades psicoativas e é utilizado pelos xamãs Yanomami para estabelecer contato com os espíritos xapiri. Abordando as técnicas e linguagens mobilizadas pela fotógrafa para descrever o transe característico do uso desta substância, refletiremos como, a partir de sua obra, tanto a fotografia quanto a yãkoana podem ser pensados como mediadores que permitem o acesso a outras realidades através de imagens.