A fotografia sempre foi uma importante ferramenta de apoio à investigação científica. No entanto, para além de sua condição como técnica de registro e comprovação, igualmente parece ser possível situá-la como um fenômeno capaz de desafiar o olhar heurístico, uma vez que suas imagens também podem se mostrar como um espaço de novos questionamentos e descobertas. Assim, este curso tem o objetivo de explorar a relação entre fotografia e ciência, propondo seu entendimento não só como um importante eixo de percepção da realidade mas também, e principalmente, como uma instigante frente de construção de nosso imaginário.

Este curso não exige conhecimento prévio acerca dos temas que serão abordados.

1) A gênese científica 
Definida como técnica e/ou tecnologia, a fotografia pode ser entendida como uma prática que apresenta um forte caráter científico em sua estrutura, uma vez que as ciências exatas que a arranjam definem sua instrumentalidade dentro de parâmetros de grande precisão. Torna-se fundamental, portanto, explorar tal gênese científica, bem como os avanços tecnológicos que propulsionaram a fotografia como um importante instrumento voltado para a investigação científica. 

2) O conhecimento invisível
As primeiras aplicações da fotografia na ciência definiram um certo repertório imagético, a princípio sustentado por influências da ilustração e arte pictórica, mas que, a partir da captura do instante e o manejo da temporalidade, avançou para a possibilidade do registro do “inconsciente óptico” dos fenômenos. Também a expansão da fotografia e suas tecnologias adjacentes possibilitaram o acesso a níveis de conhecimento antes invisíveis aos olhos: da macrofotografia, nas ciências biológicas, aos grandes planos da fotografia aeroespacial, passando pelas técnicas de observação invasivas dos corpos e objetos, as imagens passariam a desafiar a capacidade do olhar como mecanismo de acesso à realidade. 

3) Entre ciência e arte 
Certas imagens científicas, muitas vezes definidas formalmente a partir de um alto grau de abstração figurativa, tornam-se superfícies esteticamente intrigantes, demonstrando a possibilidade de uma reconfiguração de nossa sensibilidade em relação ao mundo. Ao mesmo tempo, a ciência – entendida como o conhecimento objetivo metodologicamente construído – torna-se objeto de reflexão de artistas que se apropriam de temáticas e discursos científicos visando à produção de obras que abalam constantemente nossas certezas firmadas a partir de imagens de natureza fotográfica. 

4) A dimensão teórica da fotografia
Embora a técnica fotográfica seja utilizada largamente para apoiar diversos campos de pesquisa, consolidando-se como importante documento iconográfico para a construção do conhecimento, ela também é capaz de produzir uma espécie de ricochete, isto é, ainda que se possa considerá-la uma imagem constituída tecnicamente pela expressão dos textos científicos que gravitam em seu entorno, ela é também uma produção imaginativa, o que a torna produtora de novas realidades. Assim, a fotografia se mostra como um instrumento teórico que vibra intensamente entre a comprovação e a provocação.

É professor e pesquisador em fotografia na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Entre 1998 e 2008, atuou como fotógrafo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Além de pesquisas voltadas para as relações entre técnica e estética na fotografia, colabora com projetos de documentação e divulgação de acervos de museus universitários. É autor de Foto 0/ Foto 1 (Edusp, 2016).

ESGOTADO

Quando

2, 9, 23 e 30/6/2022, quintas, 19h às 21h

Inscrição

Necessária inscrição prévia.
4 aulas, R$ 120 (inteira) R$ 60 (meia). Estudantes, professores e maiores de 60 anos têm 50% de desconto em todos os cursos, mediante apresentação de documento comprobatório no dia do evento.
Lugares limitados (25 vagas)
Evento com interpretação em Libras de acordo com a necessidade dos participantes.

Protocolos de participação

A entrada ao IMS Paulista será liberada mediante apresentação de certificado de vacinação e documento oficial com foto.
PROTOCOLOS DE VISITA AO IMS PAULISTA ►

O uso da máscara é recomendado.

Como alternativa a uma história da fotografia única e cronológica, esta série de cursos revê a produção fotográfica através de temas e questões transversais, como a arte, as exposições, a imprensa, as ciências humanas, a moda, a fotografia amadora, a arquitetura, o cinema, a literatura, o retrato indígena e as discussões raciais.

Organização
Miguel Del Castillo e Thyago Nogueira