Goma-Laca
Cantos populares do Brasil, de Elsie Houston
Show
Conduzido pela cantora Alessandra Leão
Quando
13 de março de 2018, terça, às 20h30
Ingressos
R$20 (inteira) e R$10 (meia). Vendas apenas no Eventbrite.
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
Com uma trajetória singular, a cantora brasileira Elsie Houston (1902-1943) desempenhou papel essencial na difusão e preservação da música popular nacional. Em 1930, lançou a publicação Chants populaires du Brésil, que reunia um amplo panorama do cancioneiro da época, com temas de candomblés, cantos indígenas, modinhas, entre outros. Na próxima terça-feira (13 de março), o público poderá apreciar parte desse repertório no show que o projeto Goma-Laca realiza às 20h30 no IMS Paulista.
Convidada pelo projeto, a cantora Alessandra Leão apresentará as composições em companhia do contrabaixista Marcos Paiva e do vibrafonista Beto Montag. O show também contará com a participação especial da cantora e sanfoneira Lívia Mattos e de Marcelo Pretto.
Um dos destaques do show é a canção Xangô, com harmonização de Villa-Lobos. Homenagem ao orixá da justiça, a música teria sido ensinada a Elsie por uma “cozinheira negra não identificada”. A seleção também é composta por Meu barco é veleiro, popular até hoje no estado de Pernambuco. Registrada em 1938 no Recife pela Missão de Pesquisas Folclóricas, a música foi apresentada à pesquisadora pelo maestro alagoano Hekel Tavares muitos anos antes. Já os temas indígenas Nozani-ná e Ualalocê foram retirados de gravações feitas com grupos da etnia Haliti-Paresi em 1912, no Mato Grosso.
Grupo de pesquisa dedicado a divulgar a produção musical brasileira gravada em discos de 78 rotações no período de 1902 a 1964. Desde que foi criado, já se debruçou sobre coleções como a da Discoteca Oneyda Alvarenga, criada por Mário de Andrade, e que resultou em um show em 2011 com Thiago França, Juçara Marçal e Emicida. Três anos depois, a partir de uma pesquisa sobre os primeiros discos de música afro-brasileira no Brasil, criou o espetáculo e o álbum Goma-Laca – Afrobrasilidades em 78 rpm, dirigido pelo maestro Letieres Leite.
Nascida no Rio de Janeiro em 1902, Elsie estudou canto em instituições europeias. Em 1927, casou-se com o poeta surrealista francês Benjamin Perét, com quem percorreu o Brasil em busca das tradições afro-brasileiras e indígenas. Separada do marido, entre 1937 e 1943 morou nos Estados Unidos, onde se dedicou a divulgar a música brasileira. Foi descrita por seu contemporâneo Mário de Andrade como uma mulher “exigente de suas liberdades”.
Seu legado constitui uma grande contribuição para o estudo da canção popular, como reforça Biancamaria Binazzi, pesquisadora do Goma-Laca: “Além de mapear a diversidade musical de seu tempo, Elsie abre caminho para conhecermos outras mulheres que, como ela, desafiaram os padrões de gênero da época e, além de cantoras, eram instrumentistas, pesquisadoras e divulgadoras do folclore nacional”.
R$20 e R$10 (meia). Vendas apenas pelo Eventbrite.